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domingo, 30 de setembro de 2012

Sem conhecimento, candidatos fazem propostas bizarras no PR



Candidatos propõem um capelão em cada escola, uniforme para vereadores e sedação obrigatória em casos de colonoscopia


na Gazeta do Povo


Entre julho e agosto, uma equipe da Gazeta do Povo realizou cerca de 1,3 mil entrevistas em vídeo com candidatos a vereador de Curitiba, Londrina, Maringá e São José dos Pinhais e de outras 15 cidades do estado. Se alguém se prestasse a assistir, ininterruptamente, todos os vídeos, teria de ficar cerca de 40 horas dando play nos perfis de homens e mulheres que resolveram tentar uma vaga nas câmaras municipais. Parece muito? Multiplique isso pelo tempo (pelo menos dez minutos de conversa e um cafezinho para cada) em que eles passaram em nossa companhia defendendo com unhas, dentes (e talvez um pouco de desconhecimento da causa) suas propostas por vezes descabidas.
Conhecer e entrevistar toda essa gente é uma experiência, no mínimo, interessante. A funcionalidade do vereador, que já é obscura para maior parte da população, parece ser igualmente desconhecida ou nebulosa para a maioria dos postulantes. Quem tem ideias não sabe como poderá colocá-las em prática na Câmara de Vereadores. Ou apontam as emendas como salvadoras de todos os problemas. Falta infraestrutura no trânsito de um bairro? “Põe dinheiro de emenda lá”, arrisca um candidato. A cidade está violenta? “Vamos falar com o prefeito para ele fazer algo a respeito”, defende outro. Tem desvio de dinheiro público? “Sim, a imprensa tem cumprido seu papel de denunciar e o vereador poderá cobrar o prefeito”, calcula um deles.
Opinião
Apesar de tudo, quem tenta vaga também tem seus méritos
É preciso ressaltar que essa gente que se dispõe a ocupar um cargo público e legislar pela cidade provavelmente tem, em essência, vontades mais generosas e mais senso de bem comum do que nós ou vocês. Eles dedicam tempo à causa e acreditam que podem ser melhores do que os vereadores atuais. Enfrentar um jornalista e uma câmera era uma experiência nova para muitos, que, por nervosismo ou por querer parecer bacana, acabam propagando um discurso vazio.
Porém, escolhemos acreditar que, despreparados ou não, nossos futuros governantes vão deixar de lado as diabruras de outrora e, com o trabalho, conseguir convencer a população que política é importante e pode fazer diferença. Assim, quem sabe, daqui a dois ou quatro anos, na próxima rodada de entrevistas do Candibook, a impressão que teremos dos candidatos seja de gente que sabe o que faz e que vai fazer melhor.
Há quem, com razão, reclame dos que já estão lá. “Os vereadores só fazem assistencialismo. Eu, pelo contrário, vou visitar os bairros e vou dar tudo que o povo está precisando, desde roupa até móvel”, defende um deles. “Trabalhei muitos anos em campanhas de outros candidatos e não consegui nada. Eu vou saber recompensar bem quem está trabalhando comigo”, diz outro.
Para aproximar vereança e população e, de quebra, ajudar na fiscalização do trabalho do legislador municipal, eles têm a solução: vereadores e sua equipe devem trabalhar de uniforme. Assim, destacados dos demais, todos poderão ver o que eles estão fazendo: se estão ouvindo a população, se estão fazendo leis ou fiscalizando o prefeito. Há vereadores que defendem causas específicas. Uma que não pode ser esquecida é a necessidade de sedação obrigatória nos exames de endoscopia e colonoscopia. Tem outro que trabalhará em prol da liberdade religiosa e um que argumenta ser contra o horário integral nas escolas.
Existem alguns concorrentes mais radicais: acabar com as demissões nas empresas privadas, fazer um cadastro das pessoas que costumam sair à noite (e assim coibir o roubo de iPhones) e obrigatoriedade de que cada escola tenha um capelão a postos para qualquer emergência (seja lá qual for).

Serviço: Os vídeos e informações sobre os candidatos você encontra nesta área do site:www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/candidatos

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