na BBC Brasil
Jennifer Wederell sofria de fibrose cística e usava um tubo de oxigênio 24 horas por dia
Jennifer Wederell, que sofria de fibrose cística, morreu em casa, no condado de Essex, no sudeste da Grã-Bretanha, 16 meses após a operação.
Seu pai, Colin Grannell, diz acreditar que a filha não teria concordado com o transplante se soubesse que o doador, um homem de meia-idade, era um fumante compulsivo.
O hospital que realizou a operação se desculpou por não oferecer uma opção a Jennifer.
Jennifer foi diagnosticada com fibrose cística aos 2 anos, e com 20 e poucos anos passou a usar um tubo de oxigênio 24 horas por dia.
Ela estava havia 18 meses na lista de espera por um transplante de pulmão quando, em abril de 2011, foi avisada de que um doador havia sido encontrado.
Grannell disse que a família esperou aquele momento por anos e pensava que o transplante ajudaria a filha a derrotar a doença.
Mas em fevereiro deste ano, um tumor maligno foi encontrado em seu pulmão.
'Riscos maiores'
"O choque imediatamente se transformou em raiva, porque quando os riscos foram explicados na hora anterior ao transplante, em nenhum momento foi mencionado que seria usado o pulmão de um fumante", disse Grannell.
"Ela estava morrendo uma morte que deveria ser de outra pessoa", afirma.
Grannell criou um grupo no Facebook, chamado Jennifer's Choice (A escolha de Jennifer) para estimular não-fumantes a se registrarem como doadores de órgãos.
A administração do hospital onde o transplante foi realizado afirmou em um comunicado que "é muito raro que os pacientes especifiquem que não querem receber pulmões saudáveis de fumantes".
"Os riscos são muito maiores se o paciente recusa um pulmão de um doador fumante e decide esperar por outro órgão que seja compatível e também de um não-fumante", diz o comunicado.
O hospital afirmou, porém, que reconhece que Jennifer deveria ter tido a opção de escolher. "Pedimos desculpas sinceras pelo descuido", afirma.
"Infelizmente, o número de pulmões disponíveis para transplante cairia 40% se houvesse uma política de recusar aqueles que vêm de fumantes. As listas de espera aumentariam e muito mais pacientes morreriam sem um transplante", diz.
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