Rio -  A estratégia é inédita no país e, do ponto de vista político, pode ser uma jogada de mestre. Mas muito polêmica. Obras do prefeito Eduardo Paes — como Clínica da Família, Transcarioca, Transoeste e Museu do Amanhã — viraram cenário da mais nova versão do Banco Imobiliário, da Brinquedos Estrela.

A edição especial "Cidade Olímpica", que chegará às lojas em maio — a preço sugerido de R$ 99,90 — já está sendo usada em escolas municipais. Um dos argumentos é levar os alunos a conhecer melhor a cidade do Rio.

A prefeitura diz que liberou o uso da marca Cidade Olímpica para a Estrela e, como achou o produto interessante, encomendou 20 mil Bancos Imobiliários para os estudantes da rede.

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Caixa da edição especial ‘Cidade Olímpica’ tem logomarcas da fabricante Estrela e da Prefeitura do Rio | Foto: Reprodução
Além da cessão do uso da imagem, o município deu também para a empresa de brinquedos R$ 1.050.748, referentes à compra dos jogos.

Fato é que quem lança os dados no tabuleiro do banco olímpico, em busca de fazer fortuna, tem um bom incentivo para investir na Comlurb, na Clínica da Família, no Centro de Operações, nos BRTs (corredores de ônibus ) e até na Rio Filme, que são citadas como “empresas que podem proporcionar muitos lucros a seu proprietário”.

Os investimentos feitos por Paes são detalhados em cartas, numa verdadeira aula sobre as obras que ele tem feito. O Bairro Carioca, em Triagem, por exemplo, é apresentado como uma criação para receber famílias de áreas de risco.

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No jogo, até Clínica da Família é tratada como ‘companhia lucrativa’ | Foto: Reprodução
Diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Gualberto Tinoco reprovou o uso do jogo nas escolas.

“Você compromete uma geração com uma visão privatizante do que é público. Estranho, porque a gente faz um esforço enorme para que os alunos entendam que deve haver uma diferença entre essas duas esferas”, reclamou.

Afago no governo do estado

No brinquedo que promove o prefeito Eduardo Paes, sobrou um pequeno espaço para o governo do estado também enaltecer suas políticas públicas.

Nas cartas “sorte e revés”, o jogador pode receber $ 75 mil porque teve o imóvel valorizado com a pacificação de uma comunidade próxima à sua casa. Ou, ainda, ficar parado algumas rodadas da partida porque caiu na Lei Seca.

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Secretário municipal de Cultura e presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão considerou o jogo ‘sensacional’ e comemorou em seu Twitter a inclusão da empresa que preside no tabuleiro  | Foto: Reprodução Internet
Ex-prefeitos não têm vez

No mundo lúdico do banco olímpico, não há espaço para obras de outras gestões. E nem vale o argumento de que foram escolhidos investimentos feitos para os Jogos de 2016. Prova da exceção é o Bairro Carioca, ou o Parque Madureira, que figuram no tabuleiro.

A Cidade da Música, construída pelo ex-prefeito Cesar Maia, ficou fora do jogo, assim como a Vila do Pan e a Linha Amarela.

A Estrela disse que a iniciativa partiu da empresa e que é a primeira vez que um órgão público vira tema. A prefeitura informou que vai doar Bancos Imobiliários para alunos premiados. Um presentão...