Chefe da UTI Geral do hospital de Curitiba é suspeita de antecipar mortes.
Manifestação foi silenciosa e contou com cerca de 500 pessoas.
Médicos, enfermeiros e funcionário do Hospital Evangélico, o segundo maior de Curitiba, organizaram neste domingo (24) uma manifestação em apoio à instituição, que desde a prisão da doutora Virgínia Soares de Souza tem sido cenário de denúncias de antecipação de mortes e maus tratos em uma das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A mobilização foi organizada pelos trabalhadores pela internet e também contou com a presença de ex-residentes. A estimativa é de que cerca de 500 pessoas estiveram presentes.
A investigação, que dura mais de uma ano, apura denúncias que pacientes foram mortos dentro da UTI Geral do hospital. O inquérito se tornou público após a prisão da médica Virgínia Soares Souza, que era chefe do setor. Ela está detida desde terça-feira (19) e foi indiciada por homicídio qualificado, ou seja, sem chances de defesa. A ação, de acordo com a polícia, tinha como objetivo liberar leitos.
Após a prisão, o hospital divulgou nota afirmando que o caso é pontual e aconteceu em uma das quatro UTIs do hospital, na qual toda a equipe foi substituída. No total, 47 pessoas, sendo 13 médicos e 34 enfermeiros.No sábado (23) mais três pessoas foram presas. Também no sábado, a Polícia Civil divulgou que Virgínia Souza não é intensivista e que outro médico assinava por ela como chefe da unidade.
O advogado que defesa da médica, Elias Mattar Assad, afirma que não há provas contra Virgínia Soares Souza e a médica chegou a divulgar um manifesto público no qual afirma que a medicina está em risco no Brasil. "O livre exercício da medicina está em risco no Brasil", diz trecho do documento. Ela afirma que se o modelo de investigação da polícia paranaense obtiver êxito, qualquer morte em UTI poderá ser considerada imperícia ou mesmo homicídio qualificado. O texto ainda classifica a investigação como "o maior erro investigativo e midiático da nossa história".
Nenhum funcionário quis conceder entrevista sobre a mobilização, bem como a direção do hospital. Segundo eles, a manifestação era silenciosa. Após dar um "abraço" no hospital, os funcionários aplaudiram a instituição, rezaram e também fizeram um minuto de silêncio.
Os secretários de municipal e estadual de Saúde participaram da manifestação. Ambos ressaltaram a história e a importância do Hospital Evangélico para a saúde pública de Curitiba e Região Metropolitana. O secretário estadual, Michele Caputo Neto, destacou que no sábado (23) nasceram 15 crianças no hospital e que é preciso separar o joio do trigo.
Segundo ele, caso algum médico ou enfermeiro cometeu alguma irregularidade, e isso for provado, este profissional deve ser penalizado. Contudo, complementou o secretário, é preciso preservar a tradição do hospital. A opinião de Caputo Neto é compartilhada pelo secretário municipal, Adriano Massuda. Massuda destacou a importância do Hospital Evangélico, que conforme divulgado por ele, é responsável por 1/3 dos atendimentos de urgência e emergência da Grande Curitiba.
Para o vice-presidente da Associação Médica do Paraná, José Fernando de Macedo, as denúncias foram surpreendentes. Ele destacou que nunca chegou à Associação qualquer tipo de suspeita e disse estranhar que as denúncias tenham aparecido "de uma hora para a outra". "Como médico eu fico muito triste com tudo isso porque hoje a população reconhece a importância dos médicos". Ele disse também que as pessoas precisam saber que 99,99% dos médicos são éticos e trabalham para salvar vidas.
É indiscutível o papel social, científico e a confiança que toda a sociedade paranaense deposita no HUEC e seus trabalhadores. O caso de eventuais homicídios cometidos em uma das UTI's não deve contaminar tal confiança.
ResponderExcluirEntretanto, porém, todavia... mesmo não guardando relação direta com o caso (??) é necessário discutir o papel das chamadas mantenedoras de grandes instituições hospitalares, especialmente na do Hosp Evangélico, a S.E.B., pois cabe à mesma nomear diretores, viabilizar recursos, gerir processos administrativos envolvendo recursos finaceiros e privados, dentre tantas outras questões de interesse público.
Abraço, Antonio C. Nascimento (SMS Ctba)