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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Psicólogos espanhóis expressam preocupação com onda de suicídios pela crise


Incapacidade de pagar hipotecas e dívidas tem levado espanhóis ao desespero

no Opera Mundi, reproduzido da Rede Brasil Atual

São Paulo – A crise econômica que assola a Espanha não provoca apenas alta de desemprego e políticas de austeridade do governo, mas um aumento no número e na frequência de tentativas de suicídios, especialmente de pessoas ameaçadas de despejo.
“A crise econômica é o principal fator desencadeante das tentativas de suicídio”, disseram especialistas no último Congresso Nacional de Psiquiatria, realizado em setembro de 2012 na cidade de Bilbao. Segundo os estudiosos, a cada nove pessoas que se suicidam por dia na Espanha, três o fazem por causa da crise.
María José Catalán, do Colegio Oficial de Psicólogos de Murcia, alerta para um aumento de 25% no número de casos relacionados com a crise e problemas econômicos por despejos, sem que haja uma atenção especializada na saúde pública.
Já a ONG Psicólogos sem Fronteiras, que trabalha com a organização Plataforma de Afetados pela Hipoteca (PAH) para ajudar futuros despejados, diz que o conceito de lar está estreitamente vinculado à identidade pessoal e cuja perda supõe graves consequências para personalidade e relações sociais da pessoa.
Ontem (18), uma mulher de 47 anos se ateou fogo em Valencia após gritar “Olhem o que me fizeram, me tiraram tudo!”. Na semana passada, uma onda de suicídios obrigava o Partido Popular e Partido Socialista espanhóis a admitirem a discussão de uma Iniciativa Legislativa Popular que pede uma nova lei de despejos.
De acordo com Ada Colau, líder da PAH, a Inciativa Popular pede que “se mude a lei hipotecária para que a entrega da propriedade acabe com a dívida”, “que tenha efeito retroativo, porque na Espanha já se produziram 400 mil execuções hipotecárias” e “que se produza imediatamente uma moratória de despejos de moradias habituais e que as moradias vazias que os bancos estão acumulando se reconvertam em aluguel social que nunca represente, no máximo, mais de 30% das rendas familiares”.
Em apenas dois dias, quatro casos vieram à tona: um casal de aposentados se suicidou na terça-feira passada (12) dentro de casa em Mallorca após receber um aviso de que perderia o imóvel por falta de pagamento. No mesmo dia, o grupo Parem Despejos Bizkaia atribuía o suicídio de um homem de 56 anos no país basco a dificuldades em pagar a hipoteca. Na quarta-feira (13), um homem de 55 anos tirou sua vida em Alicante no mesmo dia em que seria despejado por uma dúvida de 24 mil euros de aluguel.
O caso de um homem de 36 anos que se jogou do segundo andar de um prédio em Córdoba é icônico: após ter entregado sua casa como suspensão da hipoteca, recebeu uma notificação de que ainda devia 22 mil euros em outras dívidas e taxas.
Apesar de a coleta de dados precisos sobre esses casos ser complicada, a publicação Tercera Información estima que 119 pessoas tenham se suicidado entre janeiro e novembro de 2012, incapazes de superar o sentimento de impotência ao ver suas famílias nas ruas por não poder pagar a hipoteca.

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