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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Entrevista: Ministro Padilha explica contratação de médicos estrangeiros

no Blog da Saúde

Fotos: Luís Oliveira – Ascom/MS.

Entrevista concedida ao Programa Manhã Total, da Rádio 102 FM, de Bragança Paulista, nesta quarta-feira (29).

Locutor, Angelito Neto – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao vivo de Brasília, conversando com a gente. E um assunto que nós temos ouvido muitos comentários em todo o Brasil, a mídia passou a debatê-lo, a categoria dos médicos também… E é justamente a questão da contratação de médicos estrangeiros. Isso lembra até uma briga que teve lá anteriormente, dos dentistas do Brasil em Portugal. Gostaria que o senhor ficasse à vontade para dizer qual seria o encaminhamento que o senhor está dando no Ministério da Saúde para resolver este problema e enfrentar, digamos, este corporativismo dos médicos.
Ministro Alexandre Padilha – Olha, isso é um bom debate. Eu tenho feito ele com muito diálogo, com muito respeito, entendo a opinião das entidades médicas, mas não pode ser um tabu no Brasil o Ministério da Saúde ter uma política de atração de médicos estrangeiros porque não é um tabu em nenhum lugar do mundo.
Na Inglaterra 37% dos médicos são estrangeiros, nos Estados Unidos 25%, e no Brasil apenas 1,7% são médicos estrangeiros. Então o Ministério da Saúde está observando a situação de que faltam médicos no Brasil. O Brasil só tem apenas 1,9 médicos por mil habitantes, enquanto a Argentina tem 3,2 médicos por mil habitantes. Em primeiro lugar nós queremos investir no jovem brasileiro – dar mais oportunidades de vagas de medicina, poder expandir as faculdades de medicina que já existem, criar novas no interior dos estados, dar mais oportunidades para os jovens brasileiros cursarem medicina e ampliar a formação de especialistas, dar mais vagas de residência médica. Dar mais oportunidade dos médicos fazerem especialidades médicas, porque nós precisamos de médicos especialistas, dar estímulos para o médico no interior – como nós estamos fazendo. Hoje temos um programa chamado Provab, onde o médico recebe R$ 8 mil reais por mês, acompanhamento da universidade, estrutura da Unidade de Saúde, se atender bem a população durante aquele ano que ele fica naquela área ele ganha pontos na hora da progressão da carreira de formação de especialista.
Mas a população que não te médicos no posto de saúde – agora em Bragança Paulista nós estamos construindo e formatando uma nova UPA 24h junto com meu parceiro o prefeito de Bragança Paulista – os prefeitos que estão com dificuldade para contratar médicos não podem esperar o ciclo de formação de seis, sete anos do médico para ter seu problema resolvido. Por isso, o Ministério da saúde está sim buscando atrair médicos formados em outros países, como outros países do mundo fazem, e uma das ações é um projeto específico, onde nós fazemos a avaliação da formação do médico, a qualidade do atendimento desse médico no país que ele se formou e trazemos este médico com autorização específica, exclusiva, para atuar na periferia das grandes cidades ou no município do interior.

Locutor – O senhor tem defendido que já há uma definição de que vocês não admitirão profissionais vindos de países com menos que o Brasil, não é ministro?
Ministro – Exatamente isso. Tem alguns países, por exemplo, a Bolívia, Paraguai, Colômbia, Equador, Peru, que tem menos médicos por mil habitantes do que o Brasil, então o Brasil não vai fazer uma disputa com estes países para buscar atrair profissionais que atendem nestes países. Caso os profissionais que atendem nestes países quiserem vir para o Brasil terão que fazer a validação deste diploma, passar pelo curso normal de validação de diploma. Agora, para este projeto específico, nós estamos buscando países que têm mais médicos por mil habitantes do que o Brasil, que tenham uma oportunidade de atraí-los – porque nós estamos passando por uma situação de alguns países que estão com forte crise econômica, como é o caso da Espanha e Portugal, onde aumentou o desemprego de médicos – atrair estes profissionais para as regiões onde mais nós precisamos aqui no Brasil.

Locutor - Até agora quantos médicos já foram atraídos com esta ideia do Governo Federal?
Ministro – Nós estamos desenhando ainda esta proposta, estamos vendo com muita seriedade quais os critérios de atração deste profissional médico, como avaliar a sua formação. Tem uma pressão muito grande de prefeitos e prefeitas, que têm demandado 13 mil médicos porque tem unidades de saúde montadas, funcionando, ampliadas ou inauguradas agora que tem espaço para o médico atender, mas não tem profissional suficiente para atender naquele município ou naquela região, e a partir desse modelo é que nós vamos definir o número. Provavelmente nós vamos começando com um número menor do que ele precisa, porque ele tem que ir implantando este programa aos poucos, com qualidade, para garantir a qualidade do atendimento à população. Mas, só o fato de vencermos este tabu já será um passo importante para levarmos mais médicos para a população.

Locutor – Gostaria que o senhor falasse pra gente sobre este novo hall dos planos, que agora incluem medicamentos para tratamento domiciliar do câncer.
Ministro – Foi um avanço importante. O Ministério da Saúde, através da OMS, de dois em dois anos, atualiza quais são os tipos de cirurgia, de atendimentos, tratamentos, exames que passam a ser obrigatórios para serem cumpridos pelo plano de saúde. Agora no próximo hall, que vai valer a partir do dia 1º de janeiro de 2014, o Ministério da Saúde está propondo, através da OMS, que os novos tratamentos orais para o câncer também passem a ser obrigatórios pelos planos de saúde. Evoluiu muito o tratamento do câncer, no Brasil e no mundo todo, os planos de saúde já são obrigados a dar os medicamentos que são usados dentro do hospital ou nas salas de quimioterapia e passariam a ser obrigatórios os medicamentos que são dados em casa. Estes são medicamentos extremamente caros e o tratamento costuma custar 10 mil, 15 mil reais o tratamento e passariam a ser obrigatórios para os planos de saúde também.

Locutor – Ministro, aqui para Bragança Paulista, especificamente para nossa região – O senhor visitou a cidade recentemente, na festa do Peão, e aqui nós temos uma UPA feita em parceria com o Governo Federal. O prefeito Fernão Dias, que também é do PT, deve ter falado com o senhor que têm algumas pendências para o início das atividades. O senhor se comprometeu com algo para Bragança, para que esta UPA possa entrar em operação?
Ministro – Nos comprometemos sim, meu companheiro, o prefeito Fernão Dias – que está começando a sua gestão – aplicou um novo modelo de gestão, mudando a cara da gestão aí no município de Bragança Paulista – solicitou algumas questões relacionadas a equipamentos e a estrutura das UPAS e a forma de apoiar a contratação dos médicos, e nós vamos resolver. Vamos ajudar fortemente a Prefeitura de Bragança para que a gente possa iniciar o funcionamento da UPA 24h. Até falei com ele (o prefeito) que na minha próxima visita eu quero estar no início do funcionamento completo da UPA de Bragança Paulista.

Locutor – Eu li uma matéria que tinha o senhor como tema, na Revista Piauí, e o que eles mais falaram foi da sua atuação nas áreas mais longínquas do país, quando o senhor era médico, e essa sua proximidade com o ex-presidente Lula. Como tem sido este seu contato com o Lula, depois que ele saiu do governo? Ele continua, de vez em quando, batendo um papo com o senhor, dando alguma orientação como amigo, ou não?
Ministro – Sempre muito ativo. Tive a honra de trabalhar com o presidente Lula durante o governo do Presidente Lula, tive a honra de ser ministro do Presidente Lula e ele continua sempre muito ativo. É uma figura muito respeitada no mundo inteiro, uma grande liderança. Quando a gente viaja para outros países, como ministro da Saúde, muitos ministros perguntam, os presidentes das repúblicas dos países perguntam sobre o Presidente Lula. Ele é uma grande liderança mundial e nos ajuda muito no debate, no diálogo da saúde. No debate social sobre saúde nós estamos buscando trabalhar um tema muito sério, que é a reduzir os preços dos medicamentos, e o Presidente Lula tem nos ajudado muito nisso, nesse debate mundial também.

Locutor – Pelo que eu tenho ouvido, ele tem articulado nomes para as novas eleições. Ele já o convidou, já deu alguma dica para o senhor colocar o nome à disposição do partido?
Ministro – Não. O Presidente Lula, quando se trata sobre isso, ele trata sempre com interesse coletivo, com comentários mais pessoais, individuais. O que eu vejo nele é um grande esforço de construir, em primeiro lugar, o apoio para garantir a reeleição da presidenta Dilma, e em segundo, no caso do nosso estado de São Paulo, trabalhar fortemente para que um aliado da presidenta Dilma assuma o governo do Estado de São Paulo e com isso inaugure um novo processo com o nosso estado de São Paulo, para que o nosso estado aproveite ao máximo o que o Brasil tem dado para crescer e se desenvolver.

Locutor – Ministro Alexandre Padilha muito obrigado pela sua presença.
Ministro – Foi um prazer, uma honra falar com nossos amigos de Bragança Paulista. Me coloco à disposição de retornar mais vezes, não só aqui na rádio mais também à Bragança Paulista, junto com nosso querido amigo, prefeito Fernão Dias. Um grande abraço.

Angelito Neto / Rádio 102 FM

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