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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Equipe de saúde deve se preparar para atender queimados, diz pesquisa

Folha de São Paulo via Boletim do NEMS-PR


Uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto revela que falta preparo das equipes que atuam em pronto atendimento para realizar os primeiros socorros a vítimas de queimaduras. 

O estudo da enfermeira Flávia Mestriner Botelho, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), mostrou que, após os acidentes, os pacientes comentaram que os profissionais de saúde não sabiam como proceder em casos de queimaduras, o que só se resolveu após estarem internados em hospital especializado.

Segundo a pesquisadora, orientada pela professora Maria Cristina Silva Costa, da EERP, pessoas com queimaduras não só precisam de um cuidado diferenciado, como também de um atendimento que leve em conta o trauma sofrido pelos pacientes. De acordo com ela, a forma como o indivíduo é atendido é essencial na aceitação da nova condição corporal e na aderência ao tratamento.

A enfermeira lembra que pessoas que passam pelo trauma da queimadura e ficam com sequelas aparentes em seu corpo lidam, desde o momento do acidente, com situações de dores, afastamento da família e amigos, olhares e perguntas curiosas, e a possibilidade de não voltar mais a trabalhar.

A pesquisadora observou e entrevistou dez pacientes internados em processo de reabilitação na Unidade de Queimados da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP. Esta Unidade é centro de referência em tratamento e reabilitação de pacientes que sofreram queimaduras e recebe os casos mais graves de todas as partes do Brasil.

O objetivo da pesquisa foi avaliar se essas pessoas estariam preparadas, física e mentalmente, para retornar à sociedade e conviver com os estigmas que cercam aqueles que não estão nos padrões estéticos atuais.

Segundo a enfermeira, os pacientes entrevistados, por estarem em reabilitação, trouxeram o relato de sua experiência da queimadura dentro e fora do ambiente hospitalar. Dentre eles, a maioria sofreu queimadura devido a acidentes de trabalho, tem pouca escolaridade e, logo após o acidente, deixou de trabalhar devido às sequelas. Entre os acidentes estão choque elétrico, produto químico, vapor quente, álcool e fogo, agente químico, chama direta e água fervente.

O suporte da família e a fé foram os relatos que mais apareceram como instrumento de amparo e suporte a essas vítimas, tanto em relação à imagem corporal, quanto em relação às dores. Já a maior dificuldade relatada pelos entrevistados esteve em voltar à rotina e conseguir entrar novamente no mercado de trabalho. Algo que, de acordo com a enfermeira, "corresponde à privação da normalidade".

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