O Brasil vive uma oportunidade única para debater a formação médica e evoluir no modelo de assistência em saúde. Para isso, precisa deixar de lado a discussão sobre o ponto acessório da lei que instiuiu o Programa Mais Médicos - a "importação" de profissionais estrangeiros para se debruçar obre a parte mais relevante da norma, que busca criar uma medicina mais voltada à realidade e às necessidades da população.
Esse novo modelo exige mudanças no tipo de formação, nos requisitos para a abertura de noos cursos de medicina e nos sistemas de avaliaão dos estudantes. São desafios que têm o objetivo de proporcionar a integralidade do cuidao à saúde, garantia de acesso, promoção, prevenção e outros pontos que buscam melhorar a tenção básica e a efetividade do cuidado. Para isso, é necessária a preparação dos cursos e medicina e dos órgãos responsáveis pela sua ualidade, bem como das entidades de classe e as unidades de saúde. Mas, principalmente, requer uma análise sobre o papel que instituições públicas e privadas terão nessa nova realidade.
Os recém-formados também deverão, obrigatoriamente, passar por residência médica na atenção básica na saúde, antes de escolher outra especialização, se assim desejarem. A pergunta que fica é: estamos construindo os cenários adequados para receber esses jovens profissionais?
Para atendermos às novas demandas, será necessário investir na capacitação dos médicos preceptores, que são os responsáveis por acolher e orientar estudantes e profissionais durante sua formação nas redes de saúde. Nesse ponto, não há dúvida que as redes pública e privada têm experiências muito ricas - e complementares - que podem ser compartilhadas em programas nacionais de preparação de preceptores.
É preciso também pensar em como medir a qualidade dos cursos e sobre o momento adequado para isso. Nos Estados Unidos, entidades centenárias fazem a avaliação dos estudantes durante todo o curso de medicina, o que torna possível dar continuidade ao que está bom e oferecer reforço nas áreas onde há mais dificuldade. Essa cultura da avaliação contínua precisa ser estimulada e adotada pelos cursos de medicina, para que possam aperfeiçoar seus currículos e modelos de ensino.
Ferramentas de avaliação e programas de melhoria existem há poucos anos no Brasil e tendem a ser cada vez mais utilizados, diante dos prazos e exigências da nova legislação. O país também conta com instituições de saúde que são referência internacional e possuem um nível de conhecimento que precisa ser oferecido como forma de contribuir para a capacitação de profissionais da rede pública e privada.
Com a lei 12.871/13, portanto, temos a oportunidade de utilizar os bons exemplos existentes para vencer os desafios colocados à organização de respostas para as necessidades de saúde da população brasileira. Dessa união de esforços e metas, pode ser possível alterar a realidade e produzirmos uma atenção à saúde de qualidade, para um número cada vez maior de cidadãos.
Roberto de Queiroz Padilha é diretor da Faculdade de Medicina de Marília
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