no Correio Braziliense
O primeiro relatório da Organização Mundial da Saúde (OSM) sobre a resistência global a antibióticos revela que essa grave ameaça não é mais uma previsão para o futuro. Está ocorrendo agora em cada região do planeta, com potencial de afetar qualquer pessoa, independentemente de idade e do país onde vive. O fenômeno ocorre quando a bactéria muda, de forma que o medicamento não funciona mais em pessoas que precisam dele para tratar infecções, e é um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade, alertou a OMS.
"Sem uma ação urgente e coordenada, o mundo caminha para uma era pós-antibióticos, na qual infecções comuns e pequenos machucados facilmente tratados por muitas décadas voltarão a matar", disse Keiji Fukuda, diretor-geral assistente de Segurança em Saúde da OMS. "Antibióticos eficazes já foram um dos pilares que nos permitiram viver mais e com mais saúde. A não ser que tomemos medidas significativas para melhorar os esforços de prevenção de infecções, e também mudemos a forma como produzimos, prescrevemos e usamos antibióticos, o mundo vai perder mais e mais desses benefícios e as implicações serão devastadoras", disse, em um comunicado de imprensa.
O relatório nota que a resistência se dá entre os mais diversos agentes infecciosos, mas o foco do documento são sete bactérias responsáveis por doenças comuns e sérias, como sépsis, diarreia, pneumonia, infecções do trato urinário e gonorreia. Os resultados são motivo de muita preocupação, segundo a OMS, em todas as regiões do globo. Com dados de 114 países, incluindo o Brasil, o relatório mostra que, nas Américas, há altos níveis de resistência da E. coli à terceira geração de cefalosporinas e fluoroquinolonas, dois importantes grupos de remédios antibacterianos. No continente americano, também foi identificada uma forte resistência do micro-organismo K. pneumoniae. Em algumas localidades, até 90% das infeções por Staphylococcus aureus estavam resistentes à meticilina, significando que o tratamento com o remédio padrão já não faz efeito.
O relatório da OMS revela que ferramentas essenciais para combater a resistência a antibióticos, como sistemas básicos de monitoramento e rastreamento do problema, são falhas ou inexistem em muitos países. Enquanto alguns já tomaram providências importantes, é preciso mais, destacou Keiji Fukuda. Outras importantes ações incluem prevenir infecções por meio de uma higienização melhor, acesso a água limpa, controle rigoroso de transmissão de patógenos e campanhas de vacinação que reduzam a necessidade de antibióticos. A Organização Mundial da Saúde também destacou a importância de desenvolver novos métodos de diagnóstico, medicamentos e instrumentos que permitam aos profissionais de saúde tomarem providências antes de a resistência emergir.
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