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sábado, 31 de janeiro de 2015

[Desativação do Resgate Aéreo no RS]: "É um retrocesso escolher outra equipe", diz capitão do Batalhão Aéreo da Brigada Militar

Colegas de médicos e enfermeiros do Samu, militares afirmam que, sem esses profissionais, chances de sobrevivência dos resgatados diminuiriam

na Zero Hora


"É um retrocesso escolher outra equipe", diz capitão do Batalhão Aéreo da Brigada Militar Bruno Alencastro/Agencia RBS
Devido a atrasos nos repasses do Estado, equipe do Samu trabalha há quatro meses sem receber salárioFoto: Bruno Alencastro / Agencia RBS


Na véspera de receber uma homenagem no Litoral pela atuação noresgate em Maquiné, enfermeiros e médicos que compõem a equipe de resgate do Batalhão de Operação Aérea da Brigada Militar ficaram revoltados com a desqualificação de seu trabalho, feita pelo secretário da Saúde, João Gabbardo.

Na manhã desta quinta-feira, eles souberam pela imprensa que seriam desligados da operação e seu trabalho não era mais prioridade para o Estado.

Quatro dias após atuarem no resgate e salvamento do grupo que sofreu ataque de abelhas, a equipe conversou com a reportagem sobre a complexidade do ofício que realiza, com paixão e de forma quase voluntária.

12 horas em QAP


Há quatro meses sem receber salário, a equipe não contesta a falta de pagamento. Tampouco reclama as condições de trabalho. Eles amam o que fazem e ficam em QAP (prontos, de acordo com o código de rádio transmissão) das 8h às 20h, com o uniforme, aptos a realizar qualquer tipo de salvamento. Incêndios, afogamentos, resgates na selva. O prazer deles é atuar em situações que envolvem risco. Trazer as pessoas de volta, com vida, é sua missão.

A reestruturação pretendida pelo atual secretário da saúde, segundo o capitão Felipe de Oliveira, do Batalhão de Operação Aérea, significaria a terceirização do serviço hoje viabilizado por convênio entre Samu e Prefeitura de Imbé. Contratar novos profissionais para a delicada função do salvamento aéreo em áreas de risco, de acordo com ele, é um retrocesso:

— As equipes particulares, de aeronaves contratadas, trabalham com regime de sobreaviso. Tem um demora de duas horas para chegar em relação à aeronave da Brigada, porque respeita outra legislação. A autorização para decolagem não é a qualquer tempo como a nossa. Tem que esperar pelo menos 45 minutos. E não podem pousar em qualquer lugar — explica o militar.

Extinguir essa equipe, na opinião de Oliveira, tiraria a velocidade de atendimento adquirida nos últimos dois anos. Se não tivesse enfermeiros e médicos nos salvamentos, explica ele, as chances de sobrevivência dos resgatados diminuiriam.

Convênio mudou perfil de salvamentos


Há cerca de três anos, antes da parceria com o Samu, os "atendimentos de misericórdia" do batalhão aéreo costumavam acontecer assim: com o militar e vítima dentro do helicóptero. Desde que foi firmado o convênio, a qualidade dos salvamentos melhorou consideravelmente, avalia o major Danúbio Lisboa:

— A gente chegava lá, juntava a vítima, fazia massagem cardíaca e deu, era melhor do que nada, mas não era o ideal. Nós ficamos bem mais tranquilos de fazer os resgates com o acompanhamento da equipe médica.

Também integrante da equipe, a enfermeira Joyce Kollet explica que a mesma capacidade técnica que reuniu o grupo é o divisor de águas na utilização adequada dos equipamentos adquiridos pelo último governo.

Segundo ela, os dois novos helicópteros do tipo Koala adquiridos pela última gestão estadual ampliaria a equipe e a estrutura do trabalho. Os helicópteros modelo 2014 teriam capacidade para transportar e prestar atendimento de duas vitimas por vez. Os Koalas poderão ampliar também serviço de transplantes no Estado.

A atual aeronave usada pela BM, modelo 1985 e com capacidade para transportar um paciente por vez, é dividida entre o Corpo de Bombeiros, aeromédicos, Polícia Civil e Federal:

— A gente ama o que faz. Nos sentimos sensíveis ao ouvir que nosso trabalho é dispensável. Estamos muito tristes.

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