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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Aumento de casos de sífilis em gestantes mobiliza equipes da Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem chamando a atenção dos órgãos de saúde para a diminuição dos cuidados pessoais de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DST). A redução das taxas de mortalidade pelo vírus da imunodeficiência (HIV), causador da Aids, gera parte deste relaxamento da população, mas com a falta de cuidados, outras doenças acabam tendo aumento de incidência.
É o caso de sífilis – doença transmitida pelo contato sexual, e que também pode ser transmitida de mãe para filho (congênita), quando não tratada durante a gestação. O número de casos registrados da doença em gestantes e bebês vem apresentando aumento desde 2009. Nesse ano, foram notificados 46 casos em gestantes e 36 em bebês. Em 2014, 323 gestantes de Curitiba foram diagnosticadas com a doença e 134 bebês notificados com casos de  transmissão congênita. Em 2015, até a primeira semana de novembro, foram 299 casos em gestantes e 127 transmissões para bebês.

Além de alguns tipos da doença serem capazes de levar as mulheres à morte, a sífilis em gestantes tem consequências gravíssimas na formação da criança, principalmente alterações cerebrais.
“Quanto mais cedo a gestante der início ao tratamento, melhor para a mulher e para a criança”, aponta o coordenador do programa Mãe Curitibana/Rede Cegonha, o ginecologista e obstetra Wagner Barbosa Dias. Ele reforça a necessidade de se iniciar o pré-natal o mais precocemente possível, uma vez que sob esses cuidados na rede pública de saúde, a mãe é monitorada a partir da realização de três exames e se submete a uma quarta investigação já na maternidade. Na maternidade, são feitos exames de triagem sífilis e HIV. “Quando diagnosticada e tratada no primeiro trimestre da gestação, há menos chances de passar a doença para o bebê”, explica o médico.
Por isso, dentro do Programa Mãe Curitibana, a gestante realiza este exame três vezes durante o pré-natal, porque a qualquer momento a mãe pode vir a contrair a doença. Desde 2014, a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba agregou aos exames comuns de investigação de sífilis também o teste de quimioluminescência, que é mais sensível e apresenta diagnóstico rápido.
Para o coordenador, essa rotina de investigação, que está mais assimilada no atendimento feito pela rede pública de saúde, precisa ser também fortalecida na rede privada, a fim de assegurar saúde e diminuir as causas de incapacitações para mães e para os bebês. Além disso, o monitoramento que as gestantes fazem no pré-natal e na maternidade não acontece com o restante da população. A prevenção junto a esse público passa pela conscientização e pela iniciativa própria em fazer o exame.
“A grande preocupação é que se a sífilis apresenta esses indicadores entre as gestantes e os bebês, que têm um acompanhamento melhor definido, com regras e procedimentos, essa incidência na população de um modo geral tende a apresentar um quadro mais grave, sem falar na prevenção e no tratamento”, salienta Dias.
Alerta geral
O aumento do número de casos atinge toda a população. Em 2014, o Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde identificou 381 casos da doença em homens e 161 em mulheres não gestantes. Neste ano, já são 605 homens identificados com sífilis e 319 mulheres não gestantes (dados registrados até novembro).
Profissionais das 109 unidades básicas de saúde de Curitiba têm se dedicado à busca ativa dos parceiros das gestantes diagnosticadas com sífilis na cidade e também a abordar continuamente o tema dos cuidados e das medidas de prevenção nas oficinas de gestantes. “Só consideramos o tratamento da sífilis completo quando é realizado também com os parceiros, independentemente se eles têm ou não diagnóstico da doença”, explica Dias.
As unidades básicas de saúde de Curitiba também oferecem preservativos masculinos para contribuir na prevenção da transmissão das DST/Aids. Para o coordenador do Mãe Curitibana, a participação popular nos conselhos locais e o controle social também contribuem para que se amplie o nível de informação sobre a prevenção e tratamento de DST/Aids. “A sífilis foi um grande problema no início do século passado. As pessoas precisam entender isso para conferir a ela sua real dimensão de risco”, completou o médico.
O tratamento das gestantes e de seus parceiros é feito ao longo de três semanas com injeções de penicilina. Nas crianças com sífilis congênita, por meio de medicamentos específicos. Dias orienta, ainda, as gestantes que fazem o pré-natal na rede particular a observarem se estão sendo solicitados para elas os exames de sífilis.

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