POR FERNANDO BRITO no Tijolaço
Mais uma evidência de que Eduardo Cunha funcionava como agente dos negócios do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, agora preso, está na reportagem de Murillo Camarotto, hoje, no Valor.
Cunha, em 2014, através de seu aliado deputado federal Manoel Júnior (PMDB-PB), que hoje coordena a defesa de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, inseriu uma “emenda-jabuti” na Medida Provisória 656, permitindo a participação de grupos estrangeiros no setor de assistência à saúde.
Como a MP tratava de outro assunto, a redução de tributação sobre importações, o então Presidente da Câmara, Henrque Eduardo Alves, recusou a emenda, por se tratar de obvio “contrabando” legislativo. Cunha, líder do PMDB, recorreu e fez aprovar a mudança.
Com a MP sancionada em janeiro deste ano, André Esteves começou a negociar a parcela que havia comprado da Rde D’Or de hospitais. com estrangeiros, o que antes era legal apenas em operadoras de planos de saúde. Primeiro flertou com os americanos do grupo Carlyle , que comprou 8,3 % do negócio e em maio fechou a venda de 16% da rede ao GIC, fundo de Cingapura.
Ontem, já com o banqueiro preso, foi anunciada a venda do resto da participação do Pactual na Rede D’Or ao mesmo fundo, um negócio de R$ 2,38 bilhões.
No total, o banco de Esteves vendeu por algo entre R$ 5 e 7 bilhões o que havia comprado da rede, em 2010, da família Moll, sua antiga controladora, por R$ 600 mil.
Tudo, claro, graças à emenda apresentada por um “cunhista” e salva da rejeição pelo próprio Eduardo Cunha.
Ambos receberam doações oficiais – além das que se mencionam nos documentos apreendidos pela polícia – do BTG: Cunha, R$ 500 mil, Manoel Júnior, R$ 200 mil.
Murillo Camarotto não diz, mas é obvio que a fonte das informações é a Procuradoria Geral da República, onde, entretanto, assiste-se ainda sem reação o desenvolto deputado colocar o país numa crise gravíssima.
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