Numa conversa recente, uma educadora perinatal que atua na Inglaterra, comentou que vinha atendendo um casal de mulheres que ia ter um bebê: a companheira da gestante vinha manifestando sintomas de gravidez, apesar de só uma delas estar realmente grávida. Isso acontece também com alguns homens e tem um diagnóstico; não é fingimento, não é exatamente negativo, é o corpo manifestando sintoma por uma transformação importante na vida. Empatia. Ansiedade. Qualquer coisa.
No caso do casal homoafetivo a educadora comentou que as duas poderiam amamentar, porque o fator psicológico é tão poderoso que produz leite em quem não teve bebê saindo do próprio ventre. Já imaginou quatro mamas disponíveis? <3 font="">3>
O caso foi só pra ilustrar que o campo psicológico é só FUNDAMENTAL no aleitamento materno. Há grande polêmica com a questão de amamentar em público, mas isso é só um detalhe perto dos equívocos completamente aceitos e incorporados pela sociedade, por exemplo, a mania de pesar o bebê o tempo todo, contar os gramas e os mililitros, sempre com a ameaça (ou a "salvação) do "suplemento" por perto. A abordagem de enfermeiras, pediatras ou familiares no pós-nascimento, dizendo que a mãe não sabe amamentar, ou gerando paranóias em relação à pega, ao peso, aos tempos e quantidades é uma pressão indelicada que mais atrapalha que ajuda, já vi profissional dos mais 'humanizados' dando nota para o bebê e para a mãe nos primeiros dias de vida, criticando isso e aquilo, dizendo que tá ruim, pode melhorar.
Apesar do bebê saber mamar e a mãe saber amamentar, existe um tempo de adaptação, um re conhecimento, um estabelecimento de ritmo, que depende de muita intimidade e segurança. Esse ambiente precisa ser de profundo respeito, continuar sendo visto como algo sagrado, como o parto e a gestação. Relógios e balanças são secundários, invasivos, podem se tornar obstáculos ao bom andamento. Ou, se forem usados, nunca podem tornar-se os protagonistas. Contar gramas? Pesar toda hora? Medir os minutos? É muito agressivo.
Para AJUDAR a mãe, pequenas dicas práticas de como posicionar o bebê, ajudá-lo a fazer a pega correta, apenas para que não machuque o seio, sempre falando pouco e julgando nada. Preservar muito o entorno dessa mãe e desse bebê, inclusive de intromissões do tipo, que sempre induzem o pensamento de que algo não está indo bem. A principal preocupação deve sempre ser como essa mulher pode ficar tranquila para nutrir, como pode estar segura para se entregar a essa importante criação de vínculo - com ela mesma, com seu bebê, com suas sombras e sua luz.
*Caroline Cezar acredita na co-laboração, na simplicidade e na pureza da resposta das crianças
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