Ministro Ricardo Barros “lança” prontuário eletrônico que funciona desde o 1º governo Dilma; em abril de 2016, já atingia 832 municípios e 9 mil UBS
O médico de Saúde da Família Gustavo Godoy, que trabalha no município de Recife (PE), estranhou quando viu no site G1, de 06/10/2016, a matéria Ministério lança prontuário eletrônico para pacientes da atenção básica.
Nessa matéria, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), anuncia o lançamento de “um novo prontuário eletrônico para pacientes da atenção básica que deverá ser adotado por todos os municípios do país até o dia 10 de dezembro.(…) A nova versão do prontuário chama-se e-SUS AB”.
O motivo da surpresa do médico do Recife é que o e-SUS AB já se encontra em funcionamento no posto de saúde onde trabalhava, desde do final de 2013.
O próprio Gustavo participou pessoalmente da implantação e uso posterior, com o apoio técnico do Ministério da Saúde.
Segundo apresentação (na íntegra, ao final) encontrada no próprio site do Ministério da Saúde, o prontuário eletrônico e-SUS AB já estava instalado, em abril deste ano, em 832 municípios e 9 mil Unidades Básicas de Saúde no Brasil. PEC significa Prontuário Eletrônico do Cidadão.
Curiosamente, o próprio G1 “esqueceu”, que, em 15 de julho de 2013, anunciou que o e-SUS AB iria iniciar o funcionamento no município de Uberlândia.
A reportagem afirmava que “uma equipe do Ministério da Saúde estará em Uberlândia para fazer o treinamento e instalação do software ‘e-SUS AB’ a partir desta quinta-feira (18)”.
A decisão de se ter um prontuário eletrônico público e gratuito no SUS foi tomada em 2011, durante a gestão do ex-Ministro Alexandre Padilha.
Naquele mesmo ano foi firmada uma parceira com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para o desenvolvimento da ferramenta. Como modelo de referência, foi utilizado o prontuário eletrônico do município de Florianópolis.
Na verdade, o que aconteceu nessa quinta-feira de 2016 foi o lançamento de uma atualização do e-SUS AB, que traz algumas novas funções como, por exemplo, maior integração com o Cartão Nacional de Saúde e a consulta do estoque da Farmácia. São avanços considerados positivos e que já estavam em desenvolvimento desde 2015, mas não são um novo sistema.
CORTE DE INTERNET PREJUDICOU E-SUS AB
Gustavo reclama do corte da banda larga em 6 mil unidades de saúde, anunciada pelo ministro Ricardo Barros no mês passado. “É uma contradição. O Ministério diz que apoia a informatização do SUS, mas cortou a internet dos postos de saúde. Essa medida teve um impacto muito negativo na implantação do prontuário eletrônico”.
* Giliate Coelho Neto é médico e ex-diretor do Datasus no governo Dilma
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