1.800 pessoas se reúnem por ocasião dos 30 anos da Reforma Psiquiátrica brasileira
Mais de 1.800 pessoas, entre psicólogos, usuários de serviços de saúde mental, familiares e estudantes de todo o Brasil se reuniram em Bauru (SP), nos dias 8 e 9 de dezembro, em encontro que reafirmou o compromisso de se construir uma sociedade sem manicômios. O evento celebrou os 30 anos da Carta de Bauru, documento produzido durante II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, que registrou uma nova forma de tratamento das pessoas com sofrimento mental no país e inaugurou a Reforma Psiquiátrica brasileira. Segundo a psicóloga presidenta do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), Dalcira Ferrão, o momento foi histórico pois reafirmou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e do atendimento digno ao cidadão.
“Se em 1987 nosso ponto central a atacar eram os manicômios, em 2017 insistimos em sua extinção, mas não apenas: também temos novos modelos manicomiais, como as Comunidades Terapêuticas, os quais combatemos veementemente”, contextualiza o psicólogo conselheiro CRP-MG, Filippe de Mello.
O Encontro de Bauru se deu em um contexto especialmente delicado para a saúde mental. O Ministério da Saúde apresentou na quinta-feira (14), propostas de alteração na Política de Saúde Mental em reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), instância que pactua a organização e o funcionamento das ações e serviços de saúde. A psicóloga conselheira do CRP-MG, Roseli de Melo, afirma que as alterações defendidas pelo Ministério da Saúde implicam em retorno da lógica manicomial, como a criação de leitos em hospitais psiquiátricos e não em hospitais gerais e a limitação na oferta de serviços extra-hospitalares.
Na tentativa de garantir as conquistas da Reforma Psiquiátrica, o encontro aprovou a estratégia de fortalecer a atuação junto às instâncias políticas, como o Congresso Nacional, e as bases do movimento, que são as famílias e serviços.
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