Prezado eleitor, prezada eleitora,
A “justiça a jato” apresenta, orgulhosamente, os candidatos às eleições deste ano.
O judiciário brasileiro cumpre assim o seu papel de dizer quais são as opções sérias em que você poderá votar.
Os postulantes foram todos juramentados pelo “grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo”.
Uma das opções à sua disposição é Michel Temer, caso ele próprio resolva se candidatar à reeleição, independentemente das malas de dinheiro amealhadas por Rocha Loures, Geddel e Cia Ltda.
Outra opção válida é Fernando Collor de Mello.
Passados céleres 25 anos, isso mesmo, um quarto de século, desde que foi afastado da presidência da República, Collor foi absolvido das acusações de peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica.
O ex-presidente exibe essa certidão como prova de sua boa índole, embora as denúncias, em sua maioria, tenham simplesmente prescrito — ou seja, ficaram tanto tempo sem ser julgadas que os crimes nem podem mais motivar condenação.
Sabemos que eleição é um prato cheio para novidades.
A mais recente delas é a descoberta de que o presidenciável Jair Bolsonaro e sua família apresentaram uma evolução patrimonial extraordinária e incompatível com seus salários.
Desde que entraram para a política, os bens e dinheiro guardados pelos Bolsonaros somam mais de R$ 15 milhões.
Nada mal para quem está começando, não é mesmo?
Embora todas essas sejam opções válidas, nenhuma se compara às dos tucanos, que têm em suas hostes nomes imbatíveis em matéria de inimputabilidade.
Geraldo Alckmin e José Serra são duas delas.
Denunciados, entre outros, no escândalo do “trensalão tucano” — o roubo de dinheiro da construção do metrô de São Paulo –, com depósitos de propina devidamente rastreados pela Suíça, Alckmin e Serra continuam à sua disposição eleitoral.
Há processos contra eles, mas não se preocupe. Tais processos simplesmente não andam ou serão oportunamente engavetados.
Afinal, a “justiça” é Para Todos.
Até mesmo Aécio pode ser seu candidato à presidência.
Aécio sempre foi e continua sendo ficha limpa, assim como Temer, Collor, Alckmin, Serra, Sarney, Jucá, Rodrigo Maia, Bolsonaro, Álvaro Dias e “tutti quanti”.
Isso mesmo depois daquela mala de dinheiro que ele apenas supostamente pediu e recebeu.
Imagine o sucesso de um candidato com o slogan: “tem que ser um que a gente mata antes de fazer a delação”.
A “justiça” apenas lamenta informar que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva estará inabilitado, dentro da maior brevidade possível, de ser uma opção válida à sua escolha.
O senhor Lula cometeu alguns crimes terríveis.
Por exemplo, esse senhor visitou um apartamento triplex acompanhado de um empreiteiro, e isso é crime punível com prisão.
Mesmo que esse imóvel esteja registrado em cartório em nome da OAS e tenha sido penhorado pela justiça, em uma ação contra a empreiteira, convenhamos, não é possível mais confiar em documentos de cartório e em decisões da própria justiça.
Como se não bastasse, para esse apartamento foram comprados geladeira, microondas e um tampo de pia, ou seja, eletrodomésticos e utensílios que sabidamente apenas o ex-presidente usa.
Lula também é usuário contumaz de elevadores privativos e piscinas, equipamentos presentes nesse triplex.
Diante de fatos que demonstram sobejamente a que ponto pode chegar a perversidade de uma organização criminosa, a conduta do ex-presidente configura um conjunto de crimes inafiançáveis que o tornam indigno de participar do processo eleitoral e ombrear com esses estadistas supracitados.
Com tais providências, a “justiça a jato” espera ter deixado claro a todas as brasileiras e brasileiros o quanto contribuiu para melhorar a qualidade da política em nosso país.
Fizemos a nossa parte.
O resto agora é com você, eleitor e eleitora.
Façam bom proveito desse momento.
*Antonio Lassance é cientista político
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