Páginas

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Parto em casa não leva a aumento do risco de óbito ou internação em UTI neonatal e está associado a redução do risco de cesárea, parto instrumental e complicações maternas

Coletivo de Parteiras no Facebook


E sabe o que temos para iniciar a semana? Temos novidades nas evidências científicas sobre segurança do parto em casa!
Acaba de sair publicada uma nova revisão sistemática com metanálise sobre desfechos maternos e perinatais (do bebê) comparando partos ocorridos em casa, em casa de parto e no hospital, de gestações saudáveis. Quer saber mais? Vem com a gente!
Os pesquisadores buscaram todos os artigos comparando desfechos nesses locais de parto em 5 bases de dados de indexação de artigos científicos, utilizando critérios de inclusão e métodos adequados para revisões sistemáticas. Ao final, 28 artigos atenderam aos critérios de qualidade, oferecendo dados sobre mortalidade perinatal, complicações maternas (morbidade), via de nascimento e admissões em UTI neonatal.
Os pesquisadores aplicaram, ainda, um instrumento para avaliação da qualidade dos estudos desenvolvido e validado especificamente para pesquisas que comparam locais de nascimento - o Birth Place Research Quality (ResQu) Index.

Dos 28 estudos (publicados entre 2000 e 2016), 5 foram realizados na Australia; 5, na Holanda; 3, no Reino Unido; 6, em países nórdicos; 2, em outros países da Europa; 4, na Nova Zelândia; 2, nos Estados Unidos; e 1, no Japão. Dezoito deles foram classificados como sendo de alta qualidade segundo o Índice ResQu.
Foram analisados os seguintes resultados perinatais (do feto ou recém-nascido), cada um deles para total de mulheres, apenas nulíparas e apenas multíparas: óbito fetal, morte neonatal precoce (entre 0 e 7 dias de vida) e admissão em UTI neonatal. Na comparação entre parto hospitalar e parto domiciliar, não houve diferença estatisticamente significativa para os resultados de óbito fetal ou neonatal precoce - ou seja, não houve chance aumentada no parto domiciliar, nem redução da chance no hospital; os números foram similares. No entanto, a chance de admissão em UTI neonatal foi significativamente menor nos partos planejados em domicílio do que naqueles planejados no hospital. Esta diferença ocorreu para o total de mulheres e para o grupo das multíparas, sem diferença estatisticamente significativa para o grupo sem parto normal anterior. Para ter uma ideia desse risco, no total de mulheres, houve 2 internações em UTI neo a cada 1000 partos planejados em casa versus 8 internações a cada 1000 no hospital.
Para os desfechos maternos, nos partos planejados em casa (quando comparados ao hospital), houve um aumento de 3 vezes na chance de conseguir um parto vaginal normal; uma redução de 65% na chance de terminar em uma cesárea; uma redução de 63% no risco de um parto instrumental (vácuo ou fórceps); um aumento de 15% na chance de um períneo íntegro; uma redução de 43% na chance de uma laceração perineal grave; e uma redução de 23% na chance de hemorragia pós-parto com perda de mais de 1 litro de sangue. Todas essas diferenças em favor do parto domiciliar planejado e não houve nenhum desfecho em favor do parto hospitalar. Convém lembrar que as análises são feitas de acordo com o local planejado para o parto, ainda que tenha havido transferência, por exemplo.
Conclusão dos autores: "Os resultados demonstram que, em estudos rigorosamente selecionados de mulheres de risco habitual em países de alta renda, o local planejado para o parto parece ter pouco impacto significativo em desfechos perinatais adversos. No entanto, mulheres que planejaram parir em casa de parto ou em domicílio tiveram chance significativamente menor de intervenção e morbidade (complicações) graves no trabalho de parto e parto".
Moral da história: parto em casa não leva, segundo as evidências obtidas destes 28 estudos, nos contextos em que foram realizados, a aumento do risco de óbito ou internação em UTI neonatal para o feto/recém-nascido e ainda está associado a redução do risco de cesárea, parto instrumental e complicações maternas.
Você é profissional que atende partos ou faz educação perinatal? Informe as mulheres sobre esses resultados!
Você é uma pessoa planejando um parto domiciliar? Então discuta com sua equipe sobre eles!
Acesse aqui o artigo na íntegra, que é de acesso aberto.

Referência: Scarf, Vanessa L et al. Maternal and perinatal outcomes by planned place of birth among women with low-risk pregnancies in high-income countries: A systematic review and meta-analysis. Midwifery, Volume 62, 240 - 255.

Nenhum comentário:

Postar um comentário