"Sarney Jobs" já tem 1.272 solicitações de vaga ao presidente da Casa. Manifestações fazem parte da democracia, diz assessoria de Sarney
Criada no dia 7 de agosto, a página leva o nome de "Sarney Jobs" (www.sarneyjobs.com.br) e tem como slogan: "O jeito mais fácil de conseguir seu emprego". Até esta quarta-feira (12), o site havia registrado 1.272 manifestações, entre pedidos de emprego e protestos. Para pedir uma vaga ao presidente do Senado, os "candidatos" precisam preencher dados como nome, e-mail, cidade e estado. Além disso, o internauta tem direito a formular sua solicitação de trabalho em um texto com até 140 letras.
A assessoria de Sarney disse ao G1 que o presidente do Senado não iria comentar a iniciativa, mas afirmou que o site representa a "instrumentalização da internet como ferramenta de ataque político". A assessoria também lembrou que outras ações como a criação de um perfil falso de Sarney no site de relacionamentos Twitter já foi combatida e é investigada pela Polícia do Senado, mas que essas manifestações fazem parte da democracia.
O primeiro a solicitar emprego a Sarney foi o internauta que assinou como Lucas Renan, de Sorocaba (SP). "Gostaria que o Sarney me desse um emprego de Engenheiro de Software Senior (sic) lá no Senado. Obs.: salário de R$ 30 mil de início", destacou.
Em cinco dias de funcionamento do "Sarney Jobs", os candidatos listaram habilidades em alquimia, informática, matemática, idiomas, entre outras, para convencer Sarney a indicá-los para um cargo no Senado.
A internauta que assina como Marisa, de São Paulo, por exemplo, afirma ter "habilidades manuais", ser "triligue (sic), cabelereira (sic) de formação" e ainda ter conhecimentos na elaboração de "tererê", a versão gelada do típico chimarrão gaúcho. Marisa solicita a Sarney "salário inicial de R$25 mil, mais passagens aéreas, botox e ajuda moradia".
"Salário bom e passagens aéreas de graça" são as principais condições impostas pelos pretendentes para trabalhar na Câmara Alta do Congresso. Internautas mais ambiciosos chegam a pedir "um pedaço do Amapá", em referência ao estado pelo qual o presidente do Senado se elegeu.
Usuários como Emerson de Oliveira Gatti, de Mogi das Cruzes (SP), também aproveitam para parodiar discussões dos senadores ao pedir emprego no "Sarney Jobs". "Esse emprego é meu! Vocês que digiram do jeito que melhor convier", registra Gatti, fazendo referência ao bate-boca envolvendo os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Pedro Simon (PMDB-RS), na sessão do dia 3 deste mês.
Já Aline Soares, de São João Del Rei (MG), faz referência ao episódio em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou os senadores de "bons pizzaiolos". "Quero aquele emprego de pizzaiola que você me prometeu!", anota Aline no site.
O internauta José Eduardo, de Carapicuíba (SP), faz piada com o episódio envolvendo a suposta negociação intermediada pelo presidente do Senado para contratar o suposto namorado de uma neta na estrutura da Casa. "Na realidade eu não preciso... Mas, o namorado de minha sobrinha, sim!", diz Eduardo.
Outros internautas não mostram esforço para solicitar emprego no Senado. Apenas solicitam a vaga a Sarney, como faz o internauta gaúcho que se identifica como Leandro Menen, de Porto Alegre, e afirma querer "qualquer trampo (trabalho) sem muito esforço." O paranaense Valdinei, de Pato Branco, diz apenas precisar "de uma vaga em um cargo de confiança", e ainda provoca: "Não sei fazer nada, mas quem é que sabe alguma coisa aí?".
Autor
O autor do site é Guilherme Vinicius Spiazzi Moreira. Por e-mail, ele disse ao G1 que criou a página depois de ouvir o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), dizer, durante uma sessão do Senado que ninguém conseguiria tirar Sarney do comando da Casa. "Posso dizer que foi uma pequena frase que Renan Calheiros disse no Senado, apoiado pelo (Fernando) Collor. 'Ninguém vai conseguir tirar o senhor presidente desta cadeira', algo mais ou menos assim", disse Moreira.
O autor do Sarney Jobs ainda complementa: "Espero que os dois (Renan e Collor) tenham se referido às pessoas lá do Senado. Porque nós, brasileiros, podemos, sim, derrubar qualquer um, em qualquer posição política." Moreira relata que apenas nesta terça-feira (11), 5.432 visitantes haviam acessado o site entre 12h e 0h.
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