Agência Estado (via GP)
São Paulo - O pediatra é tradicionalmente o médico mais importunado fora do horário de trabalho. Não bastasse a enorme lista de perguntas que os pais costumam levar ao consultório, sempre sobra uma dúvida para depois. Agora, para assuntos menos urgentes, o e-mail surge como alternativa na comunicação entre médicos e pacientes. Apesar de facilitar a vida de pacientes, o atendimento eletrônico não é recomendado.
A empresária Isabella Whita ker, mãe de um casal de gêmeos de 5 anos e de um bebê de 8 meses, conta que já recorreu diversas vezes à comunicação virtual. “Meu caçula, por exemplo, nasceu no inverno e, por causa do frio, teve muito problema de pele. Cheguei a tirar fotos e enviá-las para o médico para saber se era algo com que devia me preocupar”, conta. “Em outra ocasião, minha filha reclamava de dor de cabeça. Descrevi os sintomas por e-mail e ele me orientou a levá-la imediatamente ao hospital, porque poderia ser meningite viral. Não deu outra.”
José Ricardo Brandão, pediatra e especialista em medicina da família, revela que, depois que colocou seu endereço de e-mail no cartão, pacientes começaram a escrever para pedir orientações e descrever sintomas. “Em alguns casos é possível fazer uma triagem e saber se há, de fato, necessidade de um exame físico”, diz .
Certa vez, o pai de um paciente que havia sofrido uma queimadura ligou para perguntar se era o caso de ir a um pronto-socorro. “Ele me enviou uma foto da queimadura e eu a encaminhei a um colega cirurgião plástico. Como o caso não era tão grave, foi possível passar algumas orientações por e-mail até que ele pudesse vir ao consultório no dia seguinte”, conta.
A obstetrícia é outra área propícia para o uso do e-mail, afirma Luciano Pompei, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. “Na gravidez, o corpo das mulheres passa por muitas mudanças e é natural surgirem dúvidas. Em questões corriqueiras, o e-mail resolve”, diz.
Limites
Embora não exista no país uma regulamentação específica sobre o tema, o Código de Ética Médica veta a prescrição de tratamento ou outros procedimentos sem exame direto, salvo em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo.
“E-mail é uma ferramenta que pode ser útil, mas é preciso usar com prudência. Rastrear o que é mais ou menos grave é possível, mas fazer diagnóstico a distância é muito perigoso”, diz o presidente da Associação Paulista de Medicina, Jorge Carlos Ma cha do Curi.
“Mesmo quando o médico já acompanha o paciente há algum tempo, se surge um sintoma novo é imprescindível o exame físico. Dor no abdome pode ser desde uma simples virose até algo grave que necessite de cirurgia”, afirma Curi.
O primeiro-secretário do Con selho Federal de Medicina, Desiré Callegari, vai além. “A internet não garante o sigilo. A entrega do exame e a análise devem ser feitas pessoalmente.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário