O consumo de mais uma droga lícita e socialmente aceita
No auge das milionárias e envolventes propagandas das indústrias de cigarro no mundo, onde fumar além de ser na época, um tremendo barato e charmoso, pois era coisa de pessoas bonitas e bem sucedidas, normalmente atores famosos. Corajosamente uma determinada revista trouxe um artigo denominado “A Propaganda que o cigarro não mostra”. E este artigo procurou desmitificar e levar o leitor aos hospistais do mundo todo, entrevistando e apresentando milhares de vitimadas pelos efeitos danosos do cigarro, a maioria portadora de câncer, e outras mazelas e sequelas físicas e sociais.
Descobriu-se tardiamente que o incentivo, via marketing e propaganda, do desgraçado consumo do cigarro trouxe e ainda traz cem números de prejuízos que ultrapassam anos luz da simples vida do indivíduo portador do nefasto vício do fumo. Desde o fumante passivo, extensão do fumante ativo, perpassando pelos diversos problemas sociais e empresariais, desaguando com os absurdos gastos com a previdência social dos países como resultado desse infeliz e miserável hábito, o mundo enfim acordou para o quadro trágico desse diabólico prazer em escala mundial e vem reduzindo o dano provocado por esse diabólico vício.
À semelhança do cigarro atualmente vemos nas televisões, outdoors e outros meios do marketing e da propaganda, novamente, artistas e personalidades importantes e famosas, incentivando o consumo de cerveja em larga escala. Igualmente como o cigarro, o consumo da cerveja, segundo a propaganda também é um barato. Até mesmo a competente campanha da Lei Seca procura e prefere não DESPERTAR as pessoas para o perigo do uso da bebida alcoólica, mas simplesmente, SE TIVER DE ENCHER A CARA, ENCHA, MAS NÃO DIRIJA. Incrível! Existe até mesmo uma famigerada propaganda de um pai, que reconhece que o filho quando sai para beber, ele fica embriagado, mas a sua tranqüilidade encontra-se que o filho não mais sai com o carro. Portanto, pode ficar e voltar para casa embriagado que não tem problema, ou seja, a droga lícita chamada cerveja atualmente encontra-se no mesmo patamar de prestígio que a droga lícita no passado chamado cigarro. Pergunto: Até quando a sociedade e as autoridades públicas serão permissivas com esse patológico incentivo ao consumo de álcool, via cerveja.
Enquanto escrevia este artigo, minha televisão apresentava duas propagandas consecutivas e contraditórias. Uma da Lei Seca em que apresentava um rapaz em uma cadeira de roda se lamentando do porque ficou daquele jeito, e o motivo é claro, era a bebida alcoólica. Agora arrependido, este se disponibilizou a salvar vidas prestando informações nas estradas em cima de sua cadeira de roda. Logo em seguida aparece outra propaganda com uma atriz famosa convidando o povo a não pedir mais cervejinha, mas sim, cervejão, e no final, lavando as mãos como Poncio Pilatos, aparece hipocritamente àquela voz no fundo informando com aquela frase cretina: “se beber não dirija”. Alô senhor ministro da saúde, faça-nos um favor!
Será que a brutal queda, graças a Deus, das arrecadações dos impostos oriundos da fabricação e consumo do cigarro está sendo compensado com a arrecadação de impostos da fabricação e o consumo da cerveja? Mas, e o preço que o país irá também pagar por mais este insano e criminoso incentivo aos nossos jovens em consumir em larga escala essa droga lícita ou socialmente aceita? O que representa em termos de custos versus benefícios o alcoolismo para uma família e para um país como um todo? Até mesmo uma criança sabe que a cerveja representa a porta de entrada para o vício do álcool e outros vícios com suas mazelas e sequelas?
Excelentíssimo Senhor Temporão, ministro da Saúde, e demais autoridades públicas, visitem pelo amor de Deus todas as instituições de dependência química no país, bem como, os Alcoólicos Anônimos (AA), manicômios, hospitais, presídios, famílias e empresas vitimadas pelo vício do álcool e todos lhes dirão que a porta de entrada desse tsunami social começou com o inocente e despretensioso consumo da cervejinha. Depois, bem, depois foi aumentando o hábito e a cerveja não mais supria as necessidades do álcool na corrente sanguínea e da ansiedade, e em seu lugar foram colocadas e até mesmo misturadas outras opções mais fortes, porque o organismo demandava por mais álcool. Penso que esse conceituado ministério deveria impedir também, enquanto é tempo, as propagadas de cervejas no país, bem como difundir nacionalmente a seguinte mensagem:
O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: A CERVEJA É A PORTA DE ENTRADA DO ALCOOLISMO, O PIOR DOS VÍCIOS. PORTANTO, NÃO BEBA.
A PROPÓSITO: A Polícia Federal informou que este carnaval foi mais violento nas estradas brasileiras que do ano passado, com um aumento de 16% em relação ao ano passado, e certamente o alcool contribuiu significativamente, de forma direta e indireta, para este dantesco quadro estatístico.
Prof. Jorge Barros
Educador e Administrador Socioambiental e
especialista em planejamento estratégico e políticas públicas de estado
CRA/RJ 2065344
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