92 Graus e Calamengau, tradicionais redutos do rock e do forró, fecham as portas. Últimos shows acontecem sexta e sábado
Neste fim de semana Curitiba perde dois tradicionais espaços culturais. O 92 Graus, ninho de bandas underground há 19 anos, irá receber possivelmente pela última vez grupos alternativos da cidade. Já o Espaço Cultural Calamengau, divulgador da cultura nordestina, se despede com um show único no sábado.
Além do desânimo presente no discurso do músico e produtor JR Ferreira, proprietário do 92 Graus – “estou cansado”, diz – ponto decisivo para fechar as portas foi o custo do aluguel do espaço, localizado no bairro São Francisco. A imobiliária pretende dobrar o valor da locação, o que seria inviável para JR.
“Depois de 19 anos de serviços prestados com exclusividade à música feita em Curitiba, vamos tirar o time de campo e pendurar as botas”, disse o empresário em mensagem enviada à imprensa e a amigos. Outros pormenores, como um pequeno incêndio no local e a invasão de suas contas no Orkut e Gmail – o que impossibilitou que divulgasse os shows –, completam o triste cenário.
“Quem apostou nisto, pode preparar os foguetes”, continua a mensagem, em tom de ironia. Em entrevista à Gazeta do Povo no último dia 4, JR disse “estar analisando tudo como um negócio e que “pensa em vender a marca 92 Graus, que inclui o equipamento para shows e o alvará para bandas ao vivo”.
Os últimos grupos a se apresentarem no espaço são Strotz, Lasttape, Garotos Chineses e Pinéia, nesta sexta-feira; Crushers, Vermstrong, Bando Clandestino e Rabo de Galo serão os responsáveis pelos últimos acordes, no sábado.
Calamengau, administrado por Ceará, fez história na cidade
ao promover a cultura nordestina (Hedeson Alves/Gazeta do Povo)
O último forró
Principal casa do forró em Curitiba, o Calamengau abre as portas pela última vez neste sábado para receber a banda paulista Rastapé. Ceará, há 12 anos proprietário do espaço que mantém em parceria com a Sociedade Vasco da Gama – também no São Francisco –, agora pretende se dedicar a um restaurante tipicamente nordestino.
“Já são 25 anos nesta vida e chega um ponto em que é desgastante demais. Principalmente para nós, que não trabalhamos com modismos, e sim procuramos oferecer o que acreditamos ser boa música”, disse Ceará quando do anúncio da venda no espaço, no fim do ano passado.
O Calamengau fez história ao promover a cultura nordestina e receber grandes nomes da música brasileira, como Dominguinhos, Tom Zé, Ná Ozzetti, Hermeto Pascoal e Elza Soares.
História
Relembre um pouco mais da história dos espaços que fecham nesta semana
92 Graus
Aberto em 1991, tornou-se reduto do rock alternativo curitibano. Foi o primeiro palco para inúmeras bandas da cidade e já sediou mais de sete mil shows, nacionais e internacionais. Também recebeu festivais famosos, como o National Garage e o Curitiba Calling.
Calamengau
Há 12 anos em sua sede atual, o Calamengau foi um dos espaços pioneiros da cultura nordestina em Curitiba. Seus mil metros quadrados receberam cerca de 900 shows. Elza Soares cantou por lá em três ocasiões: 1997, 2003 e 2005.
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