Membro do Parlamento do Mercosul, deputado federal declara que José Serra é um "inimigo histórico" do bloco e que, nesse tema, está "à direita de FHC"
O deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) afirmou na manhã desta segunda-feira (26) em Buenos Aires que o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, é um "inimigo histórico do Mercosul" e "velho saudosista" da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Dr. Rosinha, que participou de uma reunião da Mesa Diretora do Parlamento do Mercosul (Parlasul) no Senado argentino, fez a defesa do bloco sul-americano, criticado na última semana pelo presidenciável do PSDB. Em encontro com empresários na sede da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Serra, além de classificar o Mercosul como "uma farsa", declarou que "ficar carregando o bloco não faz sentido", e que o "Mercosul é uma barreira para o Brasil fazer acordos".
"Não é de hoje que José Serra demonstra sua total aversão à integração regional do Brasil", observa Dr. Rosinha. "Serra é um velho saudosista da Alca, da época em que o país não valorizava sua soberania e era submisso aos interesses dos Estados Unidos."
Em sua página no twitter, o deputado federal petista também lembrou que, em setembro de 2002, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso precisou defender o Mercosul após seu então candidato à sucessão, José Serra, que seria derrotado por Lula, ter declarado em entrevista que o bloco "não deu certo" porque o Brasil fez "concessões demais" aos parceiros.
"Qualquer um que consultar os arquivos dos jornais concluirá que José Serra é um inimigo histórico do Mercosul e que, nesse tema, está inclusive à direita de FHC", sentencia Dr. Rosinha. "Serra já inclusive chegou a dizer que o bloco era uma integração 'cucaracha'. Essa tentativa de ridicularização demonstra toda sua ignorância, o seu preconceito, o seu complexo de vira-lata em termos de política externa."
Mercosul, fator-chave
Dezenove anos após sua criação, em 1991, o Mercosul é hoje, na avaliação do deputado Dr. Rosinha, um fator-chave para a liderança regional e para a consolidação do protagonismo internacional do Brasil no cenário mundial.
"No plano multilateral, nenhum país pode pretender fazer prevalecer seus interesses isoladamente", argumenta Dr. Rosinha. "Somos hoje um ator internacional relevante porque investimos em nosso entorno regional."
O parlamentar avalia que setores conservadores, por motivos ideológicos e políticos, se opõem à expansão do Mercosul, o que teria ficado claro no caso da incorporação da Venezuela ao bloco. "É do interesse inclusive do Brasil que nossos vizinhos também se desenvolvam. Não queremos problemas nas nossas fronteiras."
Comércio em alta
A atual política externa do governo brasileiro reduziu a dependência do país em relação ao mercado norte-americano e expandiu o intercâmbio com o Mercosul, com a América Latina e com novos parceiros comerciais, além da China.
Ao longo do governo Lula, o comércio do Brasil com seus vizinhos do Mercosul cresceu. Passou de US$ 3,3 bilhões em 2002, para US$ 22 bilhões em 2008.
Incluídos os seus países associados, o Mercosul foi responsável, em 2008, por 19,6% das exportações brasileiras. No mesmo período, os Estados Unidos responderam por apenas 14%.
Para a Argentina, a importância do bloco é ainda maior. Somente o Brasil absorveu, em 2007, 19,1% das exportações argentinas, ao passo que os EUA, somente 7,6%. As empresas brasileiras investiram em território argentino, entre 2004 e 2007, mais de US$ 7 bilhões.
Retomada pós-crise
Com a crise econômica mundial, as exportações brasileiras caíram praticamente para todos os seus grandes parceiros comerciais, à exceção da China. No caso dos Estados Unidos, caíram 43,1% em 2009. No caso do Mercosul, a queda foi de 27,2%.
"Mas as perspectivas para 2010 são boas, já que a economia argentina já dá sinais de recuperação", aponta Dr. Rosinha. No primeiro trimestre deste ano, as exportações do Brasil para o Mercosul já aumentaram 56%, mais do dobro do crescimento do total das nossas exportações para o mundo (25%).
"Se tivéssemos mantido a grande dependência em relação aos EUA e à União Europeia, como querem alguns conservadores e como pregou o PSDB na campanha presidencial de 2006, estaríamos em situação muito pior após a crise", aponta Dr. Rosinha. "Não é à toa que o México vive hoje uma situação delicada."
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