O Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Paraná (Sinfarma) recorreu à Justiça, em Brasília, para tentar derrubar as medidas restritivas da Anvisa. O pedido de liminar ainda não foi julgado, segundo o presidente do Sindifarma no Paraná, Edenir Zandoná Júnior. Ele não soube explicar em qual instância judicial o pedido foi feito e o advogado do sindicato, Marco Antônio Guimarães, não foi encontrado.
A retenção da receita diminuiu a automedicação e causou a diminuição das vendas de antibióticos. “A gente estima a diminuição de 40% a 50% [nas vendas de antibióticos] com as conversas com os donos de farmácias”, explica Zandoná Júnior. Segundo ele, o prejuízo deve aparecer na rentabilidade do setor, já que somente a venda de remédios para o combate de infecções é responsável por 15% de todas as vendas em farmácias. “No plano de saúde, o paciente consegue marcar uma consulta em dois ou três dias. Se depender do poder público, vai um caminhão de tempo [para conseguir uma consulta no Sistema Único de Saúde]”, ressalta.Com a nova regulamentação, os médicos são obrigados a prescrever antibióticos em receitas com duas vias – uma delas fica com o paciente e a outra deve ser entregue ao farmacêutico para controle da Anvisa. Até então, já era necessária a prescrição médica, mas a norma não era cumprida pelas farmácias e possibilitava a automedicação. Com a mudança, mais de 90 substâncias antimicrobianas com registro no país passaram a ter a venda controlada. Entre elas estão a amoxicilina, a azitromicina, a cefalexina e o sulfametoxazol. A venda dessas substâncias é registrada no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), que controla a venda de remédios no país.
Outro crítico da medida da Anvisa é o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto. Ele informou que não há informações de perdas econômicas no setor depois da restrição da venda de antibióticos, mas afirma que o prejudicado maior é o consumidor, já que não há oferta de sistema de saúde de qualidade para se conseguir as receitas médicas. “O problema é que não há acesso [de qualidade] ao médico.” O dirigente duvida que a restrição diminua o desenvolvimento de superbactérias. “Se fosse assim, nos Estados Unidos não existiria esse problema.”
Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Saúde informou que não há registro de aumento na procura de consultas médicas por conta da resolução da Anvisa. Porém, o diretor de Urgência da secretaria, Matheos Chomatas, contou que houve casos pontuais de pacientes em busca da receita médica. “Já apareceu gente que queria receita para o filho, que iria viajar e não teria como conseguir receita, caso ficasse doente.” A expectativa da secretaria é ter um aumento de procura nas consultas nos próximos meses por conta da exigência da receita para a compra de antibióticos, mas falou que é cedo para precisar quanto a demanda será maior.
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