O serviço de aborto legal do Hospital Municipal Arthur Ribeiro Saboya, conhecido como Hospital Jabaquara, na zona sul de São Paulo, foi desativado pela gestão do prefeito João Doria (PSDB) há pelo menos cinco meses.
A secretaria municipal de Saúde alega aposentadoria dos profissionais que atuavam na equipe responsável para justificar o encerramento das atividades, mas há suspeitas de que se trata de uma decisão política, e que coloca em risco a vida das mulheres.
“Uma mulher com melhor situação financeira consegue um aborto. O problema é que esse atendimento era voltado para as pessoas que não têm condições de pagar um aborto seguro”, afirmou a conselheira de Saúde Ana Rosa Costa à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT.
Inaugurado em 1989, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, o serviço do aborto legal no Hospital Jabaquara foi o primeiro no Brasil e na América Latina, e rapidamente se tornou referência. Atualmente o serviço é prestado em cinco hospitais na cidade de São Paulo, um para cada região.
Desde 1940, o aborto legal é permitido em casos de gravidez decorrente de estupro ou quando coloca a vida da gestante em risco. Mais recentemente, em 2012, o aborto também passou a ser permitido nos casos de anencefalia – ausência parcial ou total de cérebro no feto.
Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do ministério da Saúde, as complicações decorrentes de aborto clandestino são a quarta causa de morte materna, no Brasil.
Irotilde Gonçalves Pereira, assistente social que fez parte da primeira equipe multidisciplinar do Hospital Jabaquara dedicada a realizar o procedimento, lamenta a suspensão. Segundo ela, durante os 28 anos de funcionamento, o foram realizados cerca de 300 abortos legais, o que evitou o crescimento da mortalidade materna, principalmente entre as mulheres pobres.
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