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segunda-feira, 2 de março de 2009

Nova técnica melhora a identificação de bebês

Daniel Weingertner / Com o novo método, 81% das imagens das mãos de bebês saíram com qualidade, contra apenas 34% das impressões dos pés

Com o novo método, 81% das imagens das mãos de bebês saíram com qualidade, contra apenas 34% das impressões dos pés

Modernização pode colaborar para evitar troca de bebês e adoção ilegal

GP Online - Adriana Czelusniak

Em diversas áreas, a tinta e o papel já perderam espaço para a tecnologia digital. Agora a revolução deve chegar também às maternidades. Obrigatória desde a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente, a identificação de bebês por meio da coleta de impressões da planta dos pés é uma tradição seguida há mais de cem anos no país. No entanto, a baixa-qualidade torna a identificação falha e colabora para que trocas de bebês e adoções ilegais aconteçam mais facilmente. Com o objetivo de aprimorar o método de identificação atual, o pesquisador Daniel Weingaertner, professor do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apresentou uma nova técnica de coleta de impressões digitalizadas.

O método desenvolvido ficou em primeiro lugar na categoria doutorado do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS 2008, do Ministério da Saúde. No estudo, que está sendo feito dentro da área de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Ministério, foram coletadas as impressões de 106 bebês nascidos em maternidades de Curitiba. Em vez da tradicional técnica de tinta e papel, o pesquisador utilizou um sensor ótico de alta definição, formado por uma câmera fotográfica digital e uma lente supermacro acoplada por uma estrutura de acrílico a um prisma de vidro óptico.

Daniel Weingertner

Daniel Weingertner / Durante a pesquisa foram coletadas as impressões das mãos de 106 crianças Ampliar imagem

Durante a pesquisa foram coletadas as impressões das mãos de 106 crianças

Com o total de 848 impressões da palma das mãos e da planta dos pés, Weingaertner verificou que 81% das imagens das impressões das mãos apresentaram qualidade, contra apenas 34% das impressões dos pés. As imagens obtidas da palma das mãos permitiram uma visualização ainda mais nítida e mais detalhada da impressão digital, única e inequívoca de cada indivíduo.

De acordo com a doutora em pediatria e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente do Departamento de Pediatria da UFPR, Mônica Nunes Lima Cat, a pesquisa representa um importante passo no desenvolvimento de um sistema automatizado e digital de identificação. “As conclusões marcam a perspectiva do desenvolvimento de um sistema de identificação de recém-nascidos, para garantir sua segurança desde o seu nascimento e circulação dentro das maternidades até as fronteiras do país”, afirma.

A pediatra Lígia Beatriz Ribas Vieira Kern, plantonista da UTI Neonatal do Hospital Nossa Senhora das Graças, aprovou a iniciativa e diz que a digitalização é um interessante método para diminuir a possibilidade de erros. “A técnica tradicional, quando bem utilizada, é um bom método. Mas na maioria das vezes isso não acontece, e o trabalho pode ser inútil em uma eventual necessidade de identificação do bebê”, diz. A também pediatra Caroline Caron Fukushima, do Hospital Angelina Caron, concorda e diz que a modernização da identificação traria também mais tranquilidade para as mães. “A maior preocupação que elas têm é com uma possível troca de bebês. Utilizamos um conjunto de medidas de segurança que garantem a individualização, mas no que se refere à coleta de impressões, a digitalização proposta é um grande avanço, pois permitiria inclusive o armazenamento em um banco de dados”, afirma.

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