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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

“Ei, Kassab, vai tomar no cu!” Qualquer semelhança com Curitiba... NÃO é mera coincidência!


“Ei, Kassab, vai tomar no cu!” é a mais nova e sincera declaração de amor a São Paulo



Por Lino Bocchini no Desculpe a Nossa Falha
A frase era essa mesma. Foi gritada com todas as forças pela galera no Bloco do Baixo Augusta ontem, na esquina na rua Augusta com a rua Dona Antônia de Queirós. A chuva deu só uns minutos de trégua, mas mesmo assim milhares de pessoas se amontoaram e se divertiram a valer num grande estacionamento na região do centro paulistano conhecida como Baixo Augusta. Peraí, estacionamento?… O bloco não foi pra rua? Não, não foi. E não foi porque a prefeitura não deixou. O sagrado direito de ir e vir dos automóveis paulistanos não podia ser interrompido nem por por um minuto, nem em um trecho de poucos quarteirões, em um dia de domingo. Esse foi o estopim para o grito, puxado várias vezes ao longo da tarde pelos foliões, de forma espontânea e em um evento nada político –e sempre de forma debochada, afinal é carnaval.
Vamos explicar um pouco melhor: o Bloco do Baixo Augusta tem como presidente Alexandre Youssef, proprietário dos Studios SP/RJ/Vila e um dos maiores responsáveis pela revitalização da parte central da rua famosa. A iniciativa nasceu de uma reunião de pessoas interessadas em uma cidade mais bacana, festiva, culturalmente mais rica e democrática (detalhes e fundadores aqui). O objetivo é (ou deveria ser) simples: fazer um grande baile de carnaval gratuito a céu aberto, no último domingo antes do carnaval em si –tipo de coisa que acontece aos montes no Rio. É sempre bom relembrar que são iniciativas como essa que revitalizam uma área degradada como o Centro de São Paulo. E cultura, diversão e arte, ainda mais gratuitas, nunca são demais. Ontem quem tocava era a incrível Orquestra Voadora, que foi de Mamãe eu Quero a Aquarius em ritmo de carnaval. No palco, Simoninha ajudava na animação. No chão, Pitty, Leandra Leal e Marina Person misturavam-se a uma multidão –fotos nesse Filckr. E aí, se já não bastasse a chuva, veio a Prefeitura paulistana pra botar água no chope da galera.
"Hey, Kassab...". Uma das ótimas imagens do Flickr do pessoal do Fora do Eixo
Nas últimas semanas Youssef fez de tudo pra tentar liberar o bloco. Chegou a conseguir armar uma reunião com secretários municipais de Governo e Cultura mais o subprefeito da Sé, em plena sede da Prefeitura. Em vão. O trânsito não podia parar, o bloco não foi autorizado a ir pra rua. Teria que acontecer confinado, e assim foi.
É ingenuidade achar que foram detalhes burocráticos que impediram a diversão plena. A proibição do Baixo Augusta de alegrar um pedacinho das ruas da cidade ontem foi só mais um claro exemplo de como a atual administração de São Paulo é um lixo. LIXO mesmo, assim, com caixa alta. Careta. Inoperante. Desconectada com a população e com a realidade. Uma prefeitura com “p” minúsculo, que pinta de cinza muros grafitados, que persegue camelôs e fecha a feirinha da madrugada no Brás, que proíbe artistas de rua e apoia um bando de atitudes higienistas como a da cracolândia. Uma prefeitura que instalou calçadas anti-mendigo, sucateou os CEUs, não combate as enchentes e joga a culpa em São Pedro e que acha que cultura é musical de ator da Globo em casa de show com nome de cartão de crédito. É um governo que claramente não gosta de pobre (e nem de alegria) e que mesmo com o triplo do orçamento anual da época da Marta Suplicy não consegue ou não quer fazer um décimo das inovações que a então prefeita ou Erundina fizeram. Estamos falando de um prefeito que colocou 31 coronéis aposentados da PM no comando das subprefeituras e que, se já era uma porcaria de mandatário, agora no último ano abandonou por completo a cidade pra erguer seu PSD, o mais novo partido fisiológico de nosso país, interessado unicamente em cargos e sem ideologia nenhuma –como se com esse perfil já não bastassem os PMDBs da vida.
Também poderia escrever aqui que o grito de “Ei, Kassab, vai tomar no cu” foi só por causa da proibição em sair pra rua, mas não. E essa é a notícia boa. Desde meados do ano passado um grupo cada vez maior de pessoas vem se fazendo ouvir em São Paulo. São pessoas não aguentam mais um prefeito tosco como Gilberto Kassab. não aguentam mais um governador carola e violento como Geraldo Alckmin (que direta ou indiretamente está há quase 2 décadas no poder em nosso estado). Uma cidade do porte e da importância de São Paulo tinha que ter alguém inovador e ousado como o parisiense Bertrand Delanoë ou como em outra época foi Jaime Lerner em Curitiba.
Se engana muito quem acha que a revolta contra as kassabices estão restritas às redes sociais. Se engana ainda mais a turma de pensamento maniqueísta que diz que “só petista” desaprova o atual prefeito ou o governador da Opus Dei. Também não engulo o pensamento pragmático que defende uma aliança Haddad-Kassab, aberração que não vai sufocar um grito como esse do título. O movimento é bem mais amplo e forte. De certa forma começou no Churrascão da Gente Diferenciada em Higienópolis ano passado (onde muitos iguas se encontraram em um feliz acaso). É um movimento espontâneo e sem liderança que vem crescendo dia após dia, e seu fortalecimento talvez seja a última chance de fazer nossa cidade andar pra frente. Eu, você, todos nós juntos conseguiremos pôr o bloco na rua. Vamos nessa?
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Você tá do lado do presuntinho ou dessa turma?

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