Fernanda Bassette no Estadão
Atendimento aumenta 30% em um ano e agrava déficit, que chega a R$ 120 milhões
Em meio a uma crise financeira insustentável e com uma dívida que chega a R$ 120 milhões, a Santa Casa de São Paulo ameaça fechar as portas do pronto-socorro da unidade central até o fim do mês, caso não consiga ajuda dos governos municipal, estadual e federal para reverter a situação.
De acordo com Antonio Carlos Forte, superintendente do hospital, a situação financeira se agravou em 2010 e só tem piorado neste ano - as contas fecharam no azul em 2009. O hospital atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Ontem, o governador Geraldo Alckmin anunciou um repasse extra para as Santas Casas do interior. A de São Paulo ficou de fora, pois já recebe um aporte extra de R$ 1,8 milhão ao mês (mais informações nesta página).
"Fechamos 2010 com uma dívida de R$ 80 milhões. Nos quatro primeiros meses deste ano, o prejuízo ficou na ordem dos R$ 40 milhões", diz. Forte diz que o volume de atendimentos no pronto-socorro aumentou 30% em um ano - hoje são atendidos cerca de 1.030 pacientes por dia.
Uma das hipóteses para justificar o aumento da demanda no pronto-socorro é o atendimento de vítimas de traumas cranianos e da violência urbana. "Quase todo o resgate feito pela Polícia Militar e pelos Bombeiros vem para cá. São pacientes com traumas graves, que precisam passar por cirurgia e ainda ficam internados. O custo disso é muito alto e vários leitos ficam ocupados."
Demanda. Outra hipótese que ajuda a explicar o aumento da demanda, avalia Forte, é o fechamento de hospitais de planos de saúde em São Paulo. Desde o início do ano, três unidades cerraram as portas. "Se um fecha, outro tem de absorver os pacientes", diz.
Desde segunda-feira o frentista Claudinei dos Santos Andrade, de 29 anos, esperava uma vaga de internação para a mulher. Sem leitos disponíveis, ela aguardava por uma cirurgia eletiva deitada em uma maca no corredor. "O hospital diz que não há vagas, que precisa passar os casos mais graves na frente e não há prazo para atender", reclama.
Outro problema que ajuda a agravar a crise é o financiamento do SUS. Segundo Forte, para cada R$ 100 gastos, o SUS cobre R$ 60. A diferença é paga pela própria Santa Casa.
Os recursos extra-SUS para bancar o custeio do hospital saem do lucro obtido pelo Hospital Santa Isabel - unidade privada da Santa Casa - e do aluguel dos cerca de 300 imóveis que o hospital possui em São Paulo.
"Mesmo assim a conta não fecha. Em média, produzimos cerca de R$ 3,5 milhões a mais do que recebemos", afirma Forte.
Negociações. Diante do caos, a Santa Casa buscou ajuda nos três governos. "Precisamos estancar a sangria e equacionar a dívida. Ou temos uma solução ou fechamos as portas do pronto-socorro. Atendimento eletivo eu controlo, pronto-socorro não."
Anteontem, técnicos e diretores do Ministério da Saúde visitaram o local. O secretário de atenção à saúde do ministério, Helvécio Magalhães, diz que foi criada uma equipe tripartite (envolvendo os três governos) para analisar as finanças do hospital.
"Vamos fazer uma radiografia para apresentar para o ministro (Alexandre Padilha). Não adianta de tempos em tempos apresentarem uma conta com uma dívida imensa. O problema não é só a tabela do SUS. Há outros aspectos. Pode haver problemas de gestão", diz o secretário.
A Secretaria de Saúde do Estado informou que, na capital paulista, a Santa Casa é o hospital que mais recebe recursos extras. Diz que se prontificou a criar um plano de ajuda financeira ao hospital e espera que a unidade não reduza o atendimento. "Uma medida extrema como o fechamento do pronto-socorro irá prejudicar milhares de usuários."
A Secretaria de Saúde do Estado informou que, na capital paulista, a Santa Casa é o hospital que mais recebe recursos extras. Diz que se prontificou a criar um plano de ajuda financeira ao hospital e espera que a unidade não reduza o atendimento. "Uma medida extrema como o fechamento do pronto-socorro irá prejudicar milhares de usuários."
COMENTÁRIO: Não adianta a Santa Casa apresentar uma conta imensa para ser paga pelo sistema. Tem que mostrar que tem condições de fazer gestão dos recursos de forma eficiente, TRANSPARENTE, com Controle Social DENTRO da unidade.
Não tem sentido a SC receber recursos tipo assim "a fundo perdido". O gestor que assim proceder estará agindo de forma temerária. Além do mais, não seria correto e nem justo com outras unidades que também prestam serviços ao SUS.
Apenas a guisa de provocação: no "be-a-bá" dos manuais de administração está escrito que "fechar o PS" é quase como a piada do marido traído que tira o sofá da sala para coibir o adultério. Em uma unidade com problemas de gestão, o fechamento do PS geralmente é a "solução genial" que precede a falência total da instituição.
Nossa, você deve ser muito entendido de gestão hospitalar. Mas a Santa Casa não entende nada, mesmo. Afinal, o que significam 400 anos ne funcionamento, certo?
ResponderExcluirVelho FDP, nem currículo lattes você tem, acha que entende alguma merda só pq tem um blog? Senta em cima do seu comentário e roda!
ResponderExcluirEnfia suas poesias de merda no meio do seu rabo
ResponderExcluirDefensores eternos e cegos do SUS. Faça o seguinte: atenda em seu consultório particular cobrando pela tabela do SUS e, então, veja se é possível evitar dívidas.
ResponderExcluirÉ só abrir as contas de forma transparente que depois a gente conversa. O medelo de gestão também tem 400 anos?
ResponderExcluirO modelo de gestão do SUS tem um pouco mais de 400 anos, isso é inequívoco. As contas estão abertas, faça uma visita ao Salão Nobre da Santa Casa e verifique com seus olhos. Como pode ser a gestão o problema se, em 2009, o hospital fechou no azul? Acontece que esse fechamento no azul foi limítrofe. Nenhum hospital filantrópico é capaz de suportar financeiramente um aumento de 30% em atendimentos de emergência em um período de um ano. A Santa Casa poderia até adotar a mesma idéia do HC: atendimentos diferentes para formas de pagamento diferentes, mas ela prefere manter sua honra. Enquanto isso, o Secretário de Saúde anuncia uma injeção de verba no HC para a compra de um moderníssimo equipamento - basta visitar a página da FMUSP para conferir. Aí eu te pergunto: quem está sendo favorecido pelo recebimento de recursos?
ResponderExcluirConversa está interessante... Tem até crítico literário na roda!
ResponderExcluirUm hospital do porte da Santa Casa nunca "fica doente" sozinho. A gestão do SUS em SP parece que está deixando a desejar, aumento de 30% no movimento do PS em 1 ano é emblemático. Ou Atenção Primária não resolutiva, ou Regulação ineficiente ou, mais provavel, os dois juntos.
Regulação (função de Estado) em SP foi terceirizada para as mesmas OS`s que administram alguns hospitais.
Uma delas é uma Organização Social da Construção Civil... entende TUDO de saúde!
Não dá para afirmar, mas parece que pouparam os "próprios" e descarregaram na Santa Casa.
De qq forma, a sociedade de SP, como um todo (não só o governo), tem que se inteirar dos problemas da SC e assumir sua parte no processo. A destinação de recursos, para o HC e/ou para a Santa Casa, passa por transparência e participação da sociedade. A mesma transparência que se exige do prestador, exige-se do gestor do SUS.
Embora eu não tenha meu curriculo na Plataforma Lattes, o espaço do meu humilde blog está aberto para a discussão.
Mario, gostaria de esclarecer que não são minhas as mensagens ofensivas que aparecem. Por isso, passarei a comentar com meu nome, Evaldo Fares. É minha a última mensagem, a das 15:11. Acho que essa situação deve ser debatida, pois se trata do segundo maior hospital da capital paulista, mas não compactuo com ofensas como as que apareceram.
ResponderExcluirValeu Evaldo!!!
ResponderExcluirFique tranquilo.
Concordo contigo que o tema deve ser debatido (com argumentos rs). Não tenho currículo Lattes, mas tenho alguma experiencia na área (pouco mais de 30 anos). Aliás, uma parte das questões que levantei no comentário da 18:32 são constatações levantadas durante de minha atividade profissional do dia a dia.
Nossa... que notícia triste Mario!
ResponderExcluirVamos torcer para que as coisas melhorem!
Acho muito engraçado os questionamentos quanto a gestão da Sta Casa, a falta de administração correta, só que ninguém leva em conta que é uma instituição (uma das poucas atualmente!!!) que mesmo privada continua tendo seu PS portas abertas,recebendo demanda de vários locais, vários municípios inclusive, não regionalizado e a população ao invés de ajudar ainda critica, enquanto outros hospitais como o próprio HC que é público, que deveria ter seu atendimento aberto, regionalizou, fechou as portas, diminuiu sua capacidade de atendimento e ainda leva muitos recursos do governo e a população não critica, não fala nada!!! Vivem em crise e justificam a falta de recursos... No final só quem perde é a população com esta politicagem insensata e injusta...
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