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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Depoimento comovente do Professor Délcio Fonseca da UFMG

no FB da Conceição Aparecida Rezende

"Sou professor na Faculdade de Medicina da UFMG. Eu me formei nesta mesma faculdade, assim como antes havia se formado meu pai, já falecido. Meu avô, pai do meu pai, foi prefeito em Patos de Minas... Família "da elite". A primeira escola pública em que estudei foi a Medicina da UFMG; antes, só as melhores escolas particulares. Nos meus tempos de estudante, ainda era assim: eu e meus colegas de turma éramos, com raríssimas exceções, filhos das famílias mais abastadas do país. 

Nos últimos anos, em função da política de cotas adotada pelos governos Lula e Dilma, tenho e tive vários alunos vindos de famílias pobres. Já passaram por mim quatro alunos indígenas, cujas famílias vivem em aldeias. Todos eles são os primeiros de suas famílias a estudarem medicina e, na maioria absoluta, são os primeiros de suas famílias a frequentarem um curso superior. Todos eles são extremamente dedicados, bons alunos, acima da média. Um deles, meu amigo especial, trabalha à noite como vigia, em um prédio. 

Pois é. Isto é uma revolução. Isto é fruto da ação de um partido - "esquerda oficial" - que hoje tem sido alvo de atitudes cheias de ódio, desprezo e deboche, vindas principalmente daqueles que gostariam que as vagas fossem, como eram, exclusivas da elite. São os mesmos que reclamam que hoje "os aeroportos parecem rodoviárias", pois estão cheios de "gente com cara de pobre". 

Mas o que mais me deixa perplexo e triste é perceber que existem alguns que se sentem muito bem identificando a si mesmos como "esquerda militante" (uma esquerda supostamente mais pura e nobre que a "esquerda oficial")... e que desprezam estes fatos que citei como sendo irrelevantes. Em seu narcisismo inconsequente, estão ajudando (talvez sem perceber) o crescimento, no Brasil, do que há de pior."

Professor Délcio Fonseca UFMG

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