A proibição de venda de bebidas nos estádios não pode ser reduzida a uma simplificação grosseira de coibir "briga de torcidas".
O que está em jogo é a necessidade da sociedade se posicionar frente à "cultura do álcool".
Estamos submetidos diuturnamente a um cerrado bombardeio midiático patrocinado pela indústria do álcool que pretende nos induzir a acreditar que a suprema felicidade (e a finalidade da existência do ser humano sobre o planeta Terra) reside em um copo de cerveja ou em uma dose de whisky.
O álcool é uma droga, considerada lícita, altamente viciante, responsável por mais da metade de todas as agressões domésticas, dos acidentes de trânsito com vítimas, atendimentos nos serviços de emergência e violência interpessoal. Está no sangue do atropelador e do atropelado, do agressor e do agredido, lota os prontos-socorros, coloca gente na fila do transplante, afeta os fetos e recém-natos, induz a doença renal, hepática, cardíaca e mental.
No Brasil, em 2010, a taxa de mortes atribuíveis ao álcool – ou seja, que ocorreram porque o álcool estava envolvido – foi de 11,7 a cada 100 mil habitantes entre as mulheres e 73,9 entre os homens.
Cada vez mais adolescentes estão bebendo e cada vez mais cedo. A venda de bebidas para menores de idade acontece debaixo do nariz das autoridades.
O álcool é o maior fator de risco entre adolescentes entre 15 e 19 anos, superando, por exemplo, o uso de drogas. Cerca de 14 mil mortes de crianças e jovens com menos de 19 anos de idade nas Américas foram atribuídas ao álcool em 2010. De acordo com um estudo do Instituto de Metrologia da Saúde e Avaliação (IHME), o Brasil tem a maior taxa de mortes atribuídas ao álcool entre este grupo.
A mudança na lei, exigida pela FIFA durante a Copa do Mundo, que permitiu a venda de bebidas nos estádios, foi um ato de violência/ingerência que nós aceitamos bovinamente. Os corruptos da FIFA faturaram seus milhões de dólares e nós fizemos o papel de otários.
Então, quando a Câmara de Vereadores de Curitiba parte para liberar a venda de bebida alcoólica em estádios, a sinalização é esta: Somos coniventes com a situação. Queremos ver nossos jovens cada vez mais prisioneiros dos interesses dos traficantes da droga "lícita".
Ponto final.
Em tempo: Lamento profundamente que dois integrantes da bancada do PT (Pedro Paulo e Jhonny Stica) tenham votado a favor do lobby da indústria da droga "lícita".
Veja a posição da Professora Josete que votou CONTRA a liberação do álcool.
Veja a posição da Professora Josete que votou CONTRA a liberação do álcool.
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