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segunda-feira, 11 de julho de 2016

[Golpistas rumo à privataria no SUS]: Servidores criticam falta de experiência e indicação política para nova direção do GHC


O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), empossaram no último sábado a nova diretoria do Grupo Hospitalar Conceição, com as nomeações de Ariana Denise Acker para o cargo de diretora-superintendente, de Mauro Sparta para a diretoria técnica e de Ibanez Filter para a diretoria administrativa e financeira. Como antecipado pelo próprio ministro Barros em declarações anteriores, os três nomeados são de fora da instituição e chegam aos cargos por indicação política, o que é criticado por representantes dos médicos e dos servidores do GHC, que defendiam que um nome interno deveria assumir o comando do grupo hospitalar.


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Acker, que tem como principal experiência na área de Saúde ter sido gerente-administrativa da Unimed no Vale dos Sinos e é ligada ao PP, substitui Sandra Fagundes, servidora pública estadual com passagens por órgãos públicos e indicada pelo PT.

Renato Gutierrez, presidente da Associação dos Médicos do Hospital Conceição (Amehc) e médico do hospital Nossa Senhora da Conceição, afirmou que, antes mesmo da indicação oficial por parte do ministro Ricardo Barros, os 843 associados da entidade decidiram, em assembleia realizada na última quarta-feira (5), buscar esclarecimentos se a nova diretoria do grupo se encaixa nas critérios necessários para nomeação para direção de estatais previstos na Lei 13.303/16, recentemente promulgada pelo presidente interino Michel Temer. Depois das nomeações, ele diz que a entidade está estudando se acionará o Ministério Público ou a Justiça para averiguar se elas se enquadram na nova legislação.

O artigo 17 da lei estabelece que as pessoas nomeadas para cargos de direção de estatais devem ter experiência prévia comprovada na área para a qual foram indicadas de no mínimo 10 anos, vínculo com o setor público e em uma empresa, público ou privada, de porto semelhante, entre outros critérios. “Nos parece que, em princípio, [a nova direção] não se enquadra. A experiência é o que mais nos preocupa. Uma pessoa assumir uma coisa dessa tamanho sem ter o preparo necessário”, diz Gutierrez.

Ele questiona o fato de que a nova superintendente não é médica, não tem experiência prévia na área hospitalar ou de uma empresa de saúde de grande porte, enquanto haveria um “grande número de candidatos capacitados” dentro da própria instituição. Segundo Gutierrez, a Amehc defende que o GHC se espalhasse no modelo de gestão adotado pelo Hospital de Clínicas, que promove eleições internas para a gestão. “Gostaríamos muito que a gente fosse um espalho do Hospital de Clínicas”, diz.

O médico ainda informa que, nos últimos 24 anos, dos oito superintendentes que passaram pelo GHC, apenas um era oriundo do quadro de servidores da instituição. “O que foi sempre muito ruim pela falta de entrosamento com o quadro funcional e com a realidade da casa”, afirma.

Na mesma linha, Valmor Guedes, técnico de manutenção e presidente da Associação dos Servidores do GHC (Aserghc), afirma que sua entidade defendia que fosse realizada uma eleição para a composição da nova diretoria. “O método de gestão que assume hoje no GHC é só continuidade, não muda em nada”, avalia Guedes, crítico da gestão passada no hospital. “É negativo pelo desconhecimento do processo interno. O hospital não é uma empresa comum. Não defendemos colocar qualquer pessoa como gestor, defendemos a qualificação e profissionalização da gestão.

Tanto Guedes quanto Gutierrez disseram não conhecer o currículo da nova superintendente. No entanto, Guedes salienta que, por melhor que sejam suas credenciais, o problema do que chama de “loteamento de cargos” tende a se agravar com as futuras nomeações para gestores de área. “Por mais que coloquem pessoas qualificadas para a diretoria, ficam às amarras da indicação política que comprometem as nomeações abaixo, onde vai prevalrecer a afinidade política”, pondera.

A Aserghc também é uma das entidads que compões o Fórum GHC 100% SUS, que realizará, na próxima quinta-feira (14), uma assembleia para definir os rumos da mobilização pela defesa da manutenção do grupo com atendimento exclusivamente público.

Em nota divulgada pela assessoria do Grupo GHC, Adriana Denise Acker destacou os desafios da nova gestão, tendo em vista a grande estrutura do GHC, bem como a necessidade de atender à população com atenção integral com qualidade e eficácia. Procurada pela reportagem, a nova diretora-superintendente declinou conceder entrevista, informando que ainda está tomando ciência sobre a situação do hospital e que irá se manifestar em um momento oportuno.

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