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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

As fraudes no sistema "público" de saúde dos EEUU


via Outra Saúde (por e-mail)

reportagem de capa desta semana da New Yorker conta a história de Darren Sewell, um médico que procurou o FBI para denunciar uma empresa que ele suspeitava estar desviando dinheiro público. Ele passou a cooperar como informante nas investigações contra a Freedom, que duraram anos. Quando a denúncia foi apresentada, ele perdeu o emprego e nunca mais conseguiu outra posição no mercado. Deprimido, acabou morrendo aos 39 anos em um acidente doméstico ocorrido em 2014, antes de o processo contra a empresa terminar.

Segundo o governo dos EUA, em 2017 foram recuperados US$ 2,6 bilhões desviados por fraudes na saúde. E, desse total, US$ 262 milhões voltaram para os cofres públicos graças ao trabalho de denunciantes como Sewell. A maior fonte de problemas tem sido o programa Medicare Advantage. Para entender, é preciso voltar no tempo. 

O primeiro programa público de saúde foi lançado durante o governo Lyndon Johnson, em 1965. Ele estabeleceu a criação de um fundo para financiar seguros de saúde para pessoas acima dos 65 anos (Medicare) e para a população pobre (Medicaid). Hoje, 60 milhões de idosos são cobertos pelo Medicare, que se tornou um dos programas governamentais mais populares do país, sobrevivendo por algum tempo ao desmantelamento da rede de proteção social dos EUA. Mais recentemente, começou a receber ataques e sofre um processo caracterizado pela revista como "privatização" que, por aqui, é um pouco confuso de entender já que não se baseia em servidores ou unidades públicos.

O Medicare "tradicional" funciona assim: o governo paga médicos e provedores particulares preços tabelados para cada serviço. O problema, apontam especialistas, é que quanto mais procedimentos e serviços um provedor presta, mais dinheiro ele ganha. E isso pode estimular desde exames desnecessários a fraudes. 

Já o Medicare mais 'privatizado', batizado de Advantage, surgiu nos anos 1980 no governo Ronald Reagan e passou a incluir as seguradoras de saúde. As empresas recebem do governo um valor mensal para cada idoso inscrito, independente dele usar o serviço naquele mês ou não. Em tese, essas companhias competiriam umas com as outras, e os preços tenderiam a baixar, os serviços a melhorar... Mas, na prática, as empresas recorrem a um variado número de táticas para maximizar os lucros. Uma delas é a expulsão dos beneficiários mais doentes. Também alegam ter contratos com mais provedores do que realmente têm, na tentativa de expandir sua área de atuação.

Atualmente, estão sob investigação as maiores seguradoras de saúde dos EUA: UnitedHealth Group (que, no Brasil, controla a Amil), Humana, Aetna, Anthem, Cigna e Health Net. Segundo os cálculos do Center for Public Integrity, essas empresas receberam aproximadamente US$ 70 bilhões indevidos entre 2008 e 2013. Peter Budeti, especialista que trabalhou nos programas Medicare e Medicaid, contou a New Yorker que quem acompanha de perto as seguradoras estima que o total recuperado pelo governo representa apenas 10% do total desviado. 


Comentário: Não existe um sistema público de assistência à saúde nos EEUU. O que existe é um sistema de proteção social que financia o atendimento de saúde para os muito pobres e para os idosos. 

Algo muito parecido com os "vouchers" que a turma do Guedes quer implantar por aqui na saúde e na educação. 

Lá, como aqui, as seguradoras/planos de saúde se locupletam mamando nas tetas do governo. 

Lá, mediante o voucher. 

Aqui, mediante renúncia fiscal.

Quem não é velho nem pobre o suficiente para estar enquadrado no plano, tem que pagar seguro de saúde. 

 Quem não é velho nem pobre o suficiente para estar enquadrado no plano, e não tem dinheiro para pagar seguro saúde, se ficar doente tem que vender tudo que tem para pagar a conta ou morre sem assistência.

São mais de 40 milhões de cidadãos norte-americanos que vivem sem nenhuma cobertura de saúde. 

Em tempo: Os grandes e famosos hospitais e centros médicos dos EEUU (os tais "Memorial's Hospitals e assemelhados) são mantidos por "fundações"... 

Aqui no Brasil eles seriam considerados "filantrópicos".

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