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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Serra tem problemas com percentagens: sobre o mito do ‘aparelhamento do Estado

no blog da Maria Frô


Reproduzo uma notícia do Estadão via Joaquim Centro pelo título que ele deu à matéria Aparelhamento estatal: revisitando números e desnudando o mito, bem melhor do que o título dado pelo Estadão.
Estadão que vota em Serra fez trabalho de casa e mostrou que Serra mais uma vez não sabia do que falava durante a campanha ao acusar Lula, Dilma e PT de aparelhamento do Estado por ‘ptistas’ (os tais dos feromônios de Veja que o Celso Barros fez um texto épico da blogosfera).
Acompanhem os números, são bem interessantes. Interessante também observar que Estadão tanto no título como no lide da matéria deixa de dizer o que interessa: que a imensa maioria dos cargos comissionados são ocupados por funcionários de carreira, a partir de uma lei do presidente Lula de 2005, pondo por terra o trololó serrista de aparelhamento do estado.
Serra de fato entende como se dá na prática, mas errou o alvo, é só perguntar à filha de Paulo Preto, às filhas de Soninha Francine e a Irmã, aos parentes da gráfica do coordenador de sua campanha que produziram panfletos apócrifos….
PS. Durante a campanha circulou um vídeo de humor que mostrava José Serra errando na divisão diante de uma platéia infantil de escola pública de São Paulo. O Maria Frô não replicou o post, porque acha que a blogosfera precisa fazer debate político e sabe que as pessoas podem cometer erros aritméticos. Mas diante da matéria abaixo, creio que Serra está precisando mesmo de aulas de reforço sobre operações aritméticas.
Futuros ministros poderão nomear 7 mil funcionários sem concurso
Por: Daniel Bramatti, no Estado de São Paulo
27/11/2010
De acordo com levantamento do ‘Estado’, salários podem consumir cerca de R$ 34 milhões por mês
SÃO PAULO – Se existisse uma cidade chamada Cargolândia, habitada por ocupantes de cargos de livre nomeação à disposição do governo Dilma Rousseff, ela teria cerca de 7 mil moradores, população superior à de 1.967 municípios brasileiros.
Durante a campanha presidencial, o tucano José Serra atacou em diversos momentos o loteamento político da administração federal – em debate com a adversária Dilma, citou o número de 21 mil cargos, “a maior parte voltada a partido, a companheiro”.
Levantamento feito pelo Estado, porém, revela que são pouco mais de 7.060 os funcionários que os futuros ministros poderão nomear sem a necessidade de concursos públicos. Se todos esses cargos forem ocupados, os salários consumirão cerca de R$ 34 milhões por mês dos cofres públicos.
O número citado por Serra é o total dos chamados DAS, cargos comissionados exercidos por quem tem função de chefia ou direção e pela elite dos assessores de ministros e secretários. Em julho passado, o governo abrigava exatamente 21.623 funcionários com DAS. Mas um decreto assinado em 2005 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva determina que a maioria desses cargos seja preenchida por servidores públicos concursados – em tese, isso reduz a influência política nas nomeações.
Essa cota obrigatória para funcionários de carreira é de pelo menos 75% nos cargos de remuneração mais baixa (DAS 1, 2 e 3, de R$ 2.116 a R$ 4.042) e de 50% nos intermediários (DAS 4, R$ 6.844).
No caso dos salários mais elevados, de R$ 8.988 a R$ 11.179, não há normas – o que vale é a caneta dos ministros ou secretários. Cerca de 1.200 cargos DAS – 5% do total – se enquadram nas categorias 5 e 6, as mais altas.
São esses postos os mais visados pelos partidos que se digladiam por espaço na Esplanada dos Ministérios. Mas os números mostram que, mesmo nesses casos, há limites para o loteamento político puro e simples: estudo de 2008 publicado pelo Ministério do Planejamento indicou que funcionários de carreira respondiam por cerca de 60% dos cargos DAS 5 e 6.
Há várias possíveis explicações para esse fenômeno. A primeira é o fato de que os ministros precisam de uma burocracia minimamente eficiente para que suas pastas funcionem – premiar com cargos de chefia alguns servidores de carreira, com alto grau de conhecimento da máquina pública, seria uma forma de atingir esse objetivo.
Também é preciso levar em conta o fato de que as fronteiras da Cargolândia se estendem para além do coração de Brasília. Empresas estatais e agências reguladoras vinculadas a determinados ministérios são usadas por políticos interessados em beneficiar apadrinhados e costumam ter regras de contratação de pessoal menos rigorosas do que as da administração direta.
Por fim, os cargos em jogo são apenas um dos atrativos para os partidos – fatores não menos importantes são o tamanho do caixa de cada pasta e a visibilidade que o primeiro escalão proporciona. Não são poucos os políticos que usam os ministérios como “escada” para se projetar em futuras disputas eleitorais.
Hoje em dia, o ministério com mais cargos de confiança é o da Fazenda. A pasta e os órgãos a ela subordinados concentram 763 vagas de livre nomeação, mas poucas são ocupadas por pessoas de fora do quadro estável de servidores. Como o atual ministro, Guido Mantega, será mantido no cargo, é improvável que essas características mudem no futuro governo.
O posto seguinte no ranking é ocupado pelo Ministério da Saúde, que engloba órgãos como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Nas duas faixas salariais mais altas, cerca de 80% dos cargos são ocupados por concursados.
Em terceiro lugar aparece o Planejamento – outra pasta de perfil técnico, também com mais de 80% de seus cargos DAS 5 e 6 ocupados por servidores de carreira.
O ministério que concentra menos cargos de confiança é o dos Esportes. Nele, o índice de aproveitamento do quadro estável de servidores é menor – metade das vagas com salários mais altos são ocupadas por pessoas não concursadas.

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