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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Desfaçatez escancarada: Hospitais estaduais de SP cobrarão planos por atendimento

Os primeiros convênios entre planos e unidades gerenciadas ocorrerão no Icesp e no Hospital Estadual de Transplantes


 Os primeiros convênios entre planos de saúde e hospitais públicos estaduais especializados e de alta complexidade, que são administrados por Organizações Sociais (OS), serão firmados com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e com o Hospital Estadual de Transplantes. Conforme o Estado informou na semana passada, esses hospitais poderão cobrar diretamente das operadoras de planos de saúde o atendimento prestado por eles a seus clientes.

A autorização da cobrança direta entre OSs e operadoras de saúde foi oficializada em decreto do governador Geraldo Alckmin, publicado na semana passada. O decreto regulamentou a lei n.º 1.131 de 27/12/2010, que permite que os hospitais públicos destinem até 25% do total de atendimentos a usuários de planos, com cobrança de reembolso.

As unidades de saúde beneficiadas pela nova regra serão definidas pela Secretaria Estadual de Saúde, por meio de resolução. Segundo a secretaria, um em cada cinco pacientes atendidos em hospitais gerenciados por OSs possui plano de saúde. Só no Icesp, eles são 18% do total.

O decreto proíbe esses hospitais de reservarem leitos ou de criarem privilégios para os pacientes de planos de saúde, como mais agilidade em consultas ou no atendimento em geral. Diz também que caberá exclusivamente às OSs adotar providências para receber dos planos de saúde os pagamentos. E completa que os recursos obtidos pelas OSs com o ressarcimento deverão ser aplicados na melhoria do atendimento e na oferta de serviços do SUS.


Dupla porta. 

Para o promotor Artur Pinto Filho, do grupo de Saúde Pública do Ministério Público de São Paulo, o decreto oficializou a "dupla porta". Para ele, o decreto criará privilégios aos pacientes de convênios que poderão ser atendidos em hospitais de excelência doSUS.

"A pessoa que está pagando plano de saúde não vai querer seguir a mesma fila dos pacientes do SUS. Não faz o menor sentido. Ao dizer que não haverá reserva de leitos, esse decreto quer dizer algo como "não pode mais chover"", avalia o promotor.

O promotor diz que espera a resolução que definirá os hospitais para poder entrar com ações civis públicas. "É uma tragédia. O Estado está entregando os hospitais para os planos de saúde."


Comentário: Alguém tinha alguma dúvida? Nem sequer disfarçaram a verdadeira maracutaia por trás da privataria:

"Os primeiros convênios entre planos e unidades gerenciadas ocorrerão no Icesp e no Hospital Estadual de Transplantes".

Hospitais de alta complexidade, LUCRATIVOS, que não teriam necessidade de terceirizar e/ou privatizar leitos. Nada daquela conversa mole de que a privataria estava acontecendo por conta das dificuldades financeiras dos hospitais públicos... 
Já começaram pelas especialidades mais cobiçadas...
Hospitais públicos, equipados e custeados com dinheiro público, agora terão dupla porta de entrada. 
Uma - bem larga e escancarada - para os que podem mais... e outra - estreitinha e com catraca - para a "gente diferenciada".

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