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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Emenda 29 precisa de lei para enquadrar estados, diz confederação

Confederação de trabalhadores em saúde defende que Congresso aprove regulmentação da gastos mínimos no setor, para obrigar governadores a investir mais e praticarem malabarismos contábeis de menos. Entidade patrocina pressão sobre parlamentares em Brasília e nos estados.


BRASÍLIA – A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) defende a aprovação do projeto que fixa percentuais de gasto em saúde por parte de todo o setor público, para obrigar principalmente os governadores a ampliar os investimentos. Segundo a entidade, os estados são o principal problema para a melhoria da área.

“Nós sabemos que o governo federal e os municípios já aplicam mais do que os valores mínimos obrigatórios. Mas os estados, não. O projeto define o que é gasto com saúde, o que ajuda a evitar desvios”, disse à Carta Maior a presidente da confederação, Maria Godói de Faria. 

Ela citou o estado de São Paulo como exemplo de suposto “desvio”. De acordo com ela, o governo teria incluído despesas com alimentação de presidiários na conta de gastos com saúde, para atender a cota mínima exigida pela Constituição.

A aplicação, na saúde, de um percentual específico das receitas do governo federal, dos estados e dos municípios foi determinada por uma mudança na Constituição feita em 2000. 

A alteração, conhecida como emenda 29, impôs de imediato os percentuais para estados e municípios: 12% e 15% da receita, respectivamente. Mas estabeleceu prazo até 2004 para que o mesmo fosse feito com o governo federal, o que até hoje não ocorreu.

A emenda 29 também implica aprovar lei que defina claramente o que seria “gasto com saúde”, o que igualmente não aconteceu e tem permitido o tipo de malabarismo que teria sido praticado em São Paulo.

Maria Godói afirmou que a Confederação está orientando os filiados a pressionar os parlamentares, para para que o Congresso aprove o projeto regulamentador. “Estamos pedindo que os trabalhadores encham as caixas dos parlamentares de e-mails. Também estamos agendando conversas com os deputados nos estados, e indicando à base a realização de audiências públicas para discutir a questão da saúde”, afirmou.

Sobre uma das alternativas apontadas para aumentar os gastos com saúde, a criação de um imposto específico (CSS) que supra a ausência da CPMF, Maria Godói mostrou-se favorável. “Alguns setores da sociedade criaram um falso discurso de que a extinção da CPMF ia diminuir custo de mercadorias e, consequentemente, toda a sociedade ia lucrar. Mas nada disso aconteceu”, argumentou.

Mas ela acha que só a CSS não basta. "O que o país precisa é de uma reforma tributária justa, que possa inverter a lógica atual que, proporcionalmente, faz com que quem ganha mais pague menos. Precisamos discutir os critérios para isenção e garantir uma fiscalização enérgica”, disse.


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