no Diário do Centro do Mundo
“Eu surtei quando vi a faixa da Prefeitura”, afirma a médica Célia Funari, de 47 anos. A indignação começou depois da circulação de um comunicado do governo municipal aos moradores do Jardim Paulista, no final de novembro, sobre a chegada de uma ciclovia na Rua Honduras, travessa residencial com casas de alto padrão na zona sul de São Paulo. Moradora na rua, Célia mandou carta aos vizinhos pedindo apoio contra a iniciativa. Em dois dias, ganhou adesão em massa.
Resistência igual à da Rua Honduras também é observada em outras regiões nobres da capital. Moradores dessas áreas estão indo ao Ministério Público Estadual (MPE) e até a delegacias registrar queixa contra a pintura das faixas sem consulta prévia.
No Alto da Boa Vista, também na zona sul, moradores foram à Promotoria de Habitação contra a ciclovia na Rua Fernandes Moreira. Em Higienópolis, na região central, o Conselho de Segurança (Conseg) registrou boletim de ocorrência e ameaça mover ação contra a futura ciclovia de 5 quilômetros que vai passar embaixo do Minhocão, prevista para o ano que vem.
Esses moradores argumentam que nenhuma intervenção pode ser feita nos bairros residenciais sem a aprovação dos proprietários de imóveis da via afetada. Eles afirmam que os bairros residenciais estão protegidos pelo novo Plano Diretor, aprovado em julho.
Alguns moradores da Rua Honduras também temem assaltos por causa da faixa. “Quem anda de bicicleta não presta, hoje nós sabemos disso. São pessoas não qualificadas. Então vamos ficar sujeitos a esses riscos aqui?”, questiona o aposentado Francisco Augusto da Costa Porto, de 74 anos.
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