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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Curitiba tem melhor cobertura de Caps 24 Horas entre as capitais

Curitiba está entre os municípios que contam com uma das maiores coberturas de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) 24 horas. Dos 12 Caps em funcionamento na cidade, sete oferecem atendimento em período integral, com um total de 64 leitos abertos. Este foi um dos dados apresentados nesta quinta-feira (26), em audiência na Câmara Municipal de Curitiba para detalhamento do relatório da Secretaria Municipal da Saúde referente ao terceiro quadrimestre de 2014.

A apresentação do relatório foi feita pelo superintendente de Gestão e Atenção à Saúde, César Titton, e pela superintendente executiva, Jane Sescatto. Compilação dos dados dos meses de setembro a dezembro de 2014, o documento aponta ainda importantes avanços na área da saúde em Curitiba, como a redução de 20% da mortalidade infantil em dois anos, o aumento do índice de elogios a atendimentos nas unidades de saúde e a ampliação da assistência aos usuários de álcool e drogas e de transtornos mentais.

Saúde mental


O Ministério da Saúde estabelece como cálculo para cobertura de Caps 24 horas o indicador de um serviço em funcionamento para cada grupo 100 mil habitantes. Em Curitiba, esta marca chega a 0,38/100 mil habitantes. No Rio de Janeiro, é de 0,09; São Paulo, 0,11; Belo Horizonte, 0,28; e em Recife, 0,12/100 mil habitantes. “Curitiba conta com a melhor cobertura de Caps 24 Horas entre todas as capitais brasileiras”, destacou Titton.

Ao longo de todo o ano passado, 32.728 pacientes passaram por algum tipo de tratamento nos 12 Caps de Curitiba, e foram realizados 2.102 acolhimentos noturnos – 706 deles no terceiro quadrimestre. Seguindo a diretriz de cuidar em liberdade, o atendimento é realizado sem privar os usuários do contato social e com a família, que frequentemente participa dos acolhimentos. O resultado é uma maior adesão ao tratamento.

“A abordagem leva em conta fatores biológicos, psicológicos, bem como o meio social dos pacientes, sem a privação do convívio com o mundo exterior, que é fundamental para a recuperação daqueles que recorrem ao serviço”, explicou Titton.

Pacientes considerados mais “vulneráveis” e que precisam passar mais tempo nos Caps são acolhidos também durante a noite. “Em períodos de crise, o paciente permanece durante a noite e é acompanhado pela mesma equipe durante o dia”, salientou.

No final de 2012, Curitiba tinha apenas cinco leitos em Caps destinados a crianças e adolescentes. De lá para cá, foram criados 59 novas vagas, chegando a 64 leitos atualmente. “O serviço noturno não era destinado ao público adulto e isso prejudicava a continuidade do tratamento dos pacientes nos momentos de crise”, reforçou o superintendente. 

Paralelamente à ampliação, a Secretaria Municipal da Saúde vem trabalhando para aumentar o grau de resolução nos casos de menor gravidade e também ampliar a oferta de serviços às pessoas com problemas de saúde relacionados ao abuso de álcool e outras drogas. 

Para isso, o SUS Curitiba implantou a unidade de interconsulta psiquiátrica que dá suporte aos Caps, UPAs e residências terapêuticas; o desenvolvimento e qualificação dos médicos reguladores para pacientes psiquiátricos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu); a qualificação das filas de psiquiatria e psicologia; e a reorganização da demanda ambulatorial, com participação dos psiquiatras e psicólogos que atendem nos Núcleos de Apoio de Saúde da Família (Nasf) – medida que reduziu em média 46% o tempo de espera por consultas psiquiátricas nas unidades de saúde.

Tratamento


Para P.H., 34 anos, que foi pela primeira vez em 2012 no Caps Cajuru, o acolhimento noturno é mais um suporte para evitar as recaídas. “Eles oferecem uma estrutura completa de tratamento aqui. Tive uma recaída em dezembro e outra neste mês e acabei saindo de casa. Por intermédio do Caps, consegui vaga no Centro POP [Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua] para dormir, até que eu consiga reconsquistar a confiança da minha família e voltar pra casa. Antes nosso destino era a rua”, afirma.

N.M, 40 anos, também utiliza os leitos de acolhimento do Caps sempre que precisa. Internado por mais de 20 vezes em clínicas para o tratamento do vício em crack, no ano passado largou a mulher e cinco filhos para viver nas ruas. “Vivia no meio do mato, no esgoto. Não tinha mais nada. Foi quando bati aqui na porta do Caps e fui acolhido. Reconquistei a minha família e hoje não durmo mais nas ruas”, conta ele, que iniciou o tratamento há pouco mais de dois meses no Caps Portão. “Nas outras clínicas ficava 90 dias afastado da família, não podia dar uma risada fora de hora, comer um chocolate. O tratamento parecia um castigo. Aqui, os profissionais são amigos, trocam telefone com a gente e se preocupam de verdade com nosso bem estar.”

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