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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Gastos com remédio, consulta e hospitais subiram, diz IBGE


Como nos anos anteriores, o brasileiro gastou mais do que o governo (veja comentário) para ter acesso a bens e serviços de saúde


No ano em que a economia brasileira encolheu 0,3%, os gastos de famílias e da administração pública com saúde subiram. A parcela de despesas com medicamentos, exames, consultas e os custos da administração pública com salários e serviços subiram de 8,3% do PIB, em 2008, para 8,8% produto, em 2009, revela Pesquisa das Contas Satélites do IBGE.
Como nos anos anteriores, o brasileiro gastou mais do que o governo para ter acesso a bens e serviços de saúde. Enquanto o Estado teve um dispêndio de R$ 645,27 por pessoa, o gasto per capita ficou em R$ 835,65. No país, 55,4% das despesas foram arcadas pelas famílias enquanto 43,6% foram cobertas pela administração pública. Do total consumido pelas famílias, 8,1% corresponderam a gastos com saúde.
Em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no mesmo ano, o Estado respondeu por 72% das despesas com saúde, percentual que não varia muito nos últimos 20 anos. As exceções ficaram com Chile, México e Estados Unidos e à diferença do Brasil, na conta dos países da OCDE, a administração pública contabiliza também gastos com investimento (construção de hospitais e compra de equipamentos).
Para explicar o aumento de gastos com saúde apesar da retração da economia, o gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Ricardo Montes Moraes, afirma que os gastos com consumo tendem a variar menos que a economia em geral e que o movimento é comum em países que enfrentam recessões.
"Mas isso (o fato de as famílias gastarem mais que o governo) é algo que não é comum e se deve ao fato de a saúde no Brasil ser tão privatizada", afirma o gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Ricardo Montes Moraes.
Em valores, a renda das atividades econômicas relacionadas à saúde somaram R$ 173,3 bilhões, um crescimento de 2,7% frente ao ano anterior e uma desaceleração em relação a 2008, quando ela havia crescido 5,9%.
Apesar de as famílias gastarem mais, foi o governo que experimentou o maior crescimento de participação entre 2008 e 2009 ocorreu com as despesas da administração pública os serviços de saúde, sobretudo, aquelas ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) que chegaram a 5,6% ante 5,4%, da pesquisa anterior. Os gastos da administração pública passaram de 3,5% para 3,8% do produto, enquanto as das famílias subiram de 4,7% para 4,9%.
As despesas com medicamentos pelas famílias corresponderam a 1,9% do PIB, um pequeno crescimento frente a 2008, quando correspondiam a 1,8%. Os medicamentos foram responsáveis por cerca de 22% do total de gastos com saúde. Os serviços de saúde foram responsáveis por 64,8%.
A participação dos postos de trabalho das atividades de saúde no total de postos de trabalho no país passou de 4,4%, em 2007, para 4,5%, em 2009, o que significou um acréscimo de 115 mil novas vagas criadas pelas atividades da saúde, segundo o IBGE.

COMENTÁRIO: A pesquisa - ao que tudo indica - esqueceu de computar as despesas com serviços de saúde que são deduzidas INTEGRALMENTE do Imposto de Renda. Com isto, uma enorme fatia dos gastos das famílias com serviços de saúde acaba sendo de fato financiada pelo governo. Segundo os cálculos do Gilson Carvalho a renúncia fiscal acaba por empatar a conta, ou seja: 50% governo X 50% gasto "privado".

Mesmo assim, o setor público brasileiro fica aquém dos percentuais de gasto praticados por países com sistemas universais de saúde, que são da ordem de 70% dos gastos totais.

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