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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Curitiba será cidade pioneira no monitoramento de próteses ortopédicas

A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançaram nesta quarta-feira (23), no Hospital do Idoso Zilda Arns, o Registro Nacional de Artroplastia (RNA). A cidade será a primeira a implantar o registro de forma ampla, com o uso do sistema em 15 hospitais de diferentes perfis, o que vai ajudar a identificar adaptações que deverão ser feitas antes que o RNA seja expandido para todo o país.
O objetivo é implantar um mecanismo de monitoramento da qualidade, segurança e efetividade dos implantes ortopédicos de joelho e quadril utilizados nos hospitais das redes pública e privada de Curitiba. A iniciativa vai permitir a criação de uma base de dados que reúna informações sobre os pacientes, procedimentos médicos e implantes utilizados nos serviços hospitalares.
Como registro, será possível avaliar a qualidade dos implantes e permitir rastreá-los, o que ajuda a reduzir os riscos para o paciente e antecipar ações de correção em implantes de baixo desempenho. Nesta primeira fase serão monitorados as próteses de quadril e joelho. O RNA é o primeiro módulo do Registro Nacional de Implantes (RNI) que além das próteses de quadril e joelho, inclui também os stents, marca-passo, implantes mamários e cocleares (implante auditivo).
O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, disse que Curitiba será um “laboratório municipal” e a infraestrutura da rede de saúde foi um dos diferenciais para o sucesso do projeto-piloto. “A Anvisa tinha o dever de valorizar a iniciativa e aprimorar o projeto do registro”, disse.
Registros
O registro dos procedimentos de implantação de prótese tem sido adotado em todo o mundo para avaliar o desempenho das técnicas de implantação e da qualidade dos dipositivos médicos e antecipar problemas. Isso porque vários fatores de risco estão relacionados aos implantes, como a técnica médica utilizada, a qualidade dos materiais, o monitoramento do paciente, entre outros.
O primeiro país a adotar este tipo de sistema foi a Suécia que, em 20 anos, viu a taxa de cirurgias de revisão cair de 18% para 6,4%, enquanto países sem um sistema semelhante permaneceram com suas taxas inalteradas.
No Brasil, até o momento, o sistema informatizado foi implantado somente de forma isolada no Hospital Cristo Redentor/GHC (RS), no qual 100% das artroplastias de quadril e joelho estão cadastradas. A experiência na capital paranaense servirá de base também para extensão do sistema para os mais de 190 hospitais da Rede Sentinela em todo o país.
Esta primeira etapa é resultado do trabalho em parceria com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Universidade Federal de Santa Catarina e Anvisa.
Para o secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda, este será um recurso que dará mais segurança aos pacientes, aos gestores do Sistema Único de Saúde e aos especialistas da área. “Para quem utiliza esses implantes, seja o paciente, seja o profissional que o utiliza no seu dia-a-dia, será um mecanismo de controle e monitoramento. Será possível obter informações precisas sobre o uso de diferentes tipos de produtos e coletar dados sobre a qualidade e eficácia de cada um”, comentou.
O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Arnaldo José Hernandez, aprovou a iniciativa. “Como especialista, é uma ferramenta que vai nos auxiliar inclusive como evidência científica”, disse. Hernandez destacou que esse tipo de registro ainda é inexistente em muitos países desenvolvidos e, com este projeto, o Brasil está na vanguarda. “Todo registro bem feito nos fornece informações que vão retornar à classe médica como melhorias”, comentou.
Funcionamento
O Registro Nacional de Implantes (RNA) será um instrumento em plataforma via web que possibilitará o acesso de qualquer lugar via internet. O sistema foi desenvolvido pelo setor de Informática do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, escolhida por sua experiência em sistemas de TI, após mapeamento realizado pela Anvisa para identificação de centros tecnológicos com capacidade de produção.
Em sua fase piloto, o RNA Web é destinado ao registro de informações pré e pós cirúrgicas em implantes de quadril e joelho. O sistema terá campos para inserção de informações cadastrais e clínicas do paciente, além de informações sobre os implantes a serem utilizados no ato cirúrgico. O sistema receberá dados da instituição implantadora, do paciente e procedimento cirúrgico de implantação.
Concluído, este piloto a Anvisa e demais membros do grupo de trabalho terão subsídios para constituir um sistema de RNA para todos os serviços de ortoprótese do Brasil. Também terão subsídios para as bases de uma arquitetura informacional que poderá ser aplicada a outros produtos para saúde.

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