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terça-feira, 21 de abril de 2015

As cicatrizes de um crime de lesa-pátria: A privataria destruindo a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá

Neste feriadão fomos passar uns dias em Morretes com direito a passeio em uma cachoeira. 

Parte do trajeto rumo a cachoeira foi feito caminhando pela linha do trem. 

Fiquei abismado, preocupado, revoltado com o estado precário de conservação da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá. 

A estrada corta a maior área preservada de Mata Atlântica do Brasil e tem 128 anos de história.

Fiquei deprimido com o estado de abandono e destruição das construções ao longo da ferrovia.

Mas o que mais me preocupou foi o precaríssimo estado dos dormentes ao longo do trajeto que percorremos (uns 2 km de estrada nas cercanias da antiga Estação de Porto de Cima).

Tem dormentes partidos ao meio, grampos de fixação e parafusos soltos, trechos cobertos por vegetação, trilhos assentados sobre lugares alagados com a drenagem deficiente.

Um dor dormentes estava tão danificado que eu cedia e espirava lama até mesmo com o peso do João (meu filho de 8 anos).

Fico imaginando o que pode acontecer quando passam sobre estes dormentes apodrecidos composições com centenas de toneladas de grãos e vagões carregados com COMBUSTÍVEIS.

Imaginem a tragédia que seria um descarrilhamento neste verdadeiro paraíso preservado.

A América Latina Logística-ALL ganhou quase de presente a concessão do trecho histórico de ferrovia. Deixou deteriorar gradativamente o patrimônio histórico e cultural constituído pelas construções ao longo da ferrovia. Explorou o "ativo" até o talo... e agora, pelo que consta, vai passar o bastão para uma outra empresa.

Mais um capítulo do crime de lesa-pátria perpetrado durante malfadada Privataria Tucana. 

Irresponsabilidade elevada ao cubo.


Entrada da Estação de Porto de Cima - pelo menos o que sobrou dela.

Dormente partido no trajeto Porto de Cima-Morretes. Vimos inúmeros como este ao longo do trajeto.

Equipamento destinado a realizar a troca da linha. Está quebrado. O operador permanece acampado ao lado dele para proceder a mudança manualmente. Risco de acidente permanente.

Funcionário da ALL que ficou a noite toda "acampado" ao lado da ferrovia. Detalhe: choveu a noite toda. Nos disse que estava lá desde a meia noite do dia anterior. Passamos por lá por volta das 13 horas e ele ainda não havia sido rendido. Comeu bananas e algum lanche que havia trazido consigo. Era avisado da aproximação dos trens via rádio (walk-talk) e procedia a mudança dos trilhos manualmente. 




O estado de apodrecimento é tão grande, que nascem até cogumelos... No caso até parece com um cultivo de Shimeji!


Estação Marumbi, uma das pouquíssimas construções ainda preservadas

Estação Engenheiro Lange

Estação Engenheiro Lange

Estação Engenheiro Lange

Estação Engenheiro Lange


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