Páginas

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Aeroporto 2008

Estou em Brasília. Encontro Nacional de Controle dos Recursos do SUS (tem um post aí no blog). Na saída de Curitiba o avião atrasou quase meia hora. Aproveitei a pausa forçada para observar o movimento É inacreditável como as pessoas se transfiguram quando pisam no aeroporto!
Permaneci impassível sentado no meu canto na hora em que finalmente foi dado o embarque (tive que sentar no chão, posto que algumas das poltronas destinadas aos passageiros estavam ocupadas com malas, mochilas e sacolas que, por certo, estavam exaustas pela espera forçada). Comovente o desespero das pessoas se atirando rumo ao portão de embarque... Fila? Imagine! Fila é aquela instituição criada para aquele pessoal mais humilde que usa a Rodoviária! Imagino que todos ali já teriam seu check in pronto (eu fiz o meu pela internet no dia anterior) e “provavelmente” foram informados que os lugares no avião – digo, aeronave - são marcados previamente.
Deve ser aquela sensação primitiva de que o avião partirá implacavelmente no horário, mesmo que todos passageiros não tenham conseguido embarcar.
Fiquei preocupado também com a quantidade de gente que tentava desesperadamente pronunciar umas últimas palavras ao celular. Alguns sussurrando outros fazendo questão que o saguão inteiro as escutasse. Será que eu estava correndo algum risco em embarcar no avião – digo, aeronave - e ninguém me avisou?
Depois de algumas tentativas, pois sempre tem um apressadinho se atirando na sua frente, consegui entregar o cartão de embarque para a mocinha simpática (o estilista que desenha os modelitos de uniforme da companhia aérea deve ser um tremendo gozador...).
_”Ponte de acesso numero quatro senhor”
Stress total! No corredor de granito criminosamente escorregadio, damas com saltos incrivelmente finos arriscam-se a fraturar seus tornozelos competindo desesperadamente com executivos e seus laptops para chegar em primeiro na portinha do avião. Esforço em vão, na ponte de acesso outra fila nos aguarda. O camarada atrás de mim aproveita o primeiro descuido e passa “distraidamente” na minha frente.
Com tanta adrenalina no ar, foi com uma dose de alívio que cheguei na fila de numero sete e percebi que a minha poltrona estava lá, junto da janela, livre e desocupada... Mas, virtualmente inacessível. Um indivíduo de tamanho descomunal falando um dialeto que eu não identifiquei ao celular (aquelas vitais e imprescindíveis palavras antes da decolagem) estava sentado na poltrona do meio e demorou uma eternidade para conseguir se mover e me deixar passar.
Finalmente acomodado em meu lugar, conhecendo o caminho quase de cor, coloco os fones de ouvido aguardo a decolagem, reclino a poltrona e me preparo para tirar uma sonequinha. Estou firmemente decidido a abdicar heroicamente daquela coisa que eles nos oferecem para comer e insistem em chamar de “sanduíche”.
Sou acordado pelas cotoveladas do meu vizinho-gigante que diligentemente alcança uma maleta sob a poltrona e tenta desajeitadamente colocar o laptop em operação. Torno a fechar os olhos, viro de lado, mas o “ogro” está teclando furiosamente e – inacreditável! - consegue invadir sem cerimônia o meu espaço e o espaço do vizinho no corredor.
Não resisto, é mais forte do que eu... Sei que não se faz, mas... espicho um olhar para a tela para saber em qual projeto diabólico ele estará trabalhando tão ferozmente: Paciência Spider!!!!
Ainda vou escrever uma tese sobre isso: “A Socialização do Ócio na Burocracia assim como na Economia de Mercado mediada pelo jogo de Paciência”.
Minutos antes do pouso, a aeromoça, perdão, a “comissária” avisa (deixando transparecer uma pontinha de irritação): ”Insistimos que os celulares deverão permanecer desligados até a sua chegada ao saguão do aeroporto”. Num vôo de terça pela manhã até Brasília, provavelmente algum “Aspone” aloprado emitindo instruções de estrito interesse da segurança nacional que não podem esperar nem mesmo os 10 minutos regulamentares do trajeto...
Param os reatores, mas antes disso uma sinfonia de fivelas de cintos sendo liberados em uníssono. “Desembarque somente pela porta dianteira”. Como num passe de mágica uma coluna de gente se atira para a frente do avião falando freneticamente nos celulares. Preocupado, espicho o pescoço para ver se há algum princípio de incêndio lá atrás na “cozinha”. Nada não... Apenas o trivial... Hoje fui de ônibus para o trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário