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domingo, 7 de dezembro de 2008

Deu no Blog do Zé Dirceu

06/12/2008 13:47
Militar que confessou tortura pode ser processado
Meu total apoio à Comissão Especial da Lei da Anistia...

Meu total apoio à Comissão Especial da Lei da Anistia da Câmara dos Deputados, que vai pedir ao Ministério Público Federal que processe o tenente da reserva José Vargas Jimenez, ex-chefe de grupo do Exército na Guerrilha do Araguaia.

"A ordem era matar e perguntar depois", confessou Jimenez, conhecido como "Chico Dólar", em depoimento oficial à comissão. O tenente já havia dado declarações em entrevista à revista Isto É.

Jimenez admitiu, - e contou com requintes de detalhes que dão nojo e arrepio - a prática da tortura contra militantes do PC do B que integraram a Guerrilha do Araguaia (de 1972 a 1975, entre o sul do Pará e o norte do atual Tocantins).

"Como não podíamos carregar os mortos pela selva, a gente deixava pelo caminho. A única precaução era cortar a cabeça e as duas mãos para impossibilitar a identificação da vítima", confessou o tenente. Camponeses também estavam entre as vítimas, confirmou.

Torturou e pensa em pedir indenização ao Estado

Depois de deixar a todos da Comissão estupefatos com suas confissões sobre as torturas que praticou, Jimenez perguntou se tinha direito a indenização. A resposta veio de deputado Tarcísio Zimmerman (PT-RS): "o senhor estava a serviço, mas não a serviço da ilegalidade. Torturou, não foi torturado. A lei da anistia contempla os que foram vítimas de arbitrariedade". E acrescentou: "não se pode tripudiar uma segunda vez sobre as vítimas da arbitrariedade".

O tenente da reserva disse ainda hoje guarda documentos que o Centro de Informações do Exército (CIEX) lhe deu ordem para queimar em 1975. Na tentativa de justificar a tortura, Jimenez declarou que "hoje em dia que eu tenho estudo, sou bacharel em Direito, sou politizado. Realmente fizemos muito mais, mas que é hipocrisia dizer que não tem que ser feito, porque senão ninguém conta".

Torço para que o processo contra esse torturador vá adiante, e para que a sociedade brasileira não tenha medo de botar o dedo nessa ferida. Vamos abrir os arquivos, contar a verdade e deixar claro que tortura é crime de lesa humanidade, portanto, imprescritível.

Para saber mais, acesse o site da Agência Câmara ou o Vermelho.org

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