Vi o Mundo - Luiz carlos Azenha
O Vietnã está cheio de comunistas comedores de criancinhas, embora os vietnamitas digam que os comedores de criancinhas são europeus e frequentam a Tailândia.
Os vietnamitas não gostam dos chineses, a quem acusam de imperialistas.
Por sua vez, os vietnamitas são acusados de imperialistas pelos vizinhos, especialmente pelo cambojanos.
O meu guia no Vietnã não era exatamente um fã do governo, a quem acusa de corrupção.
Porém, de forma bastante simples, resumiu a cobiça estrangeira pelo país.
"Nosso terreno é bem localizado", ele disse. Terreno?
Ele sacou o mapa para explicar: quem é que não quer esse terreno, com dois deltas férteis e uma longa vista para o mar?
Nunca tinha pensado assim:
O delta que não aparece no mapa acima é o do rio Vermelho, na região de Haiphong, uma das áreas de grande produção de arroz. A outra é a do delta do rio Mekong.
O que me levou a pensar no Eduardo Galeano, que viu nas redes ferroviárias e rodoviárias dos paises colonizados as veias de escoamento de riqueza.
O que me levou a pensar na mina de diamantes que visitei em Serra Leoa, de onde os britânicos tiraram mais de um bilhão de dólares sem deixar nem rede de distribuição de água.
O que me levou a pensar no vale do Jequitinhonha, que também foi sugado pelos britânicos tendo os portugueses como intermediários. Deixaram alguns casarões de lambuja.
O neoliberalismo foi apenas uma forma de neocolonialismo: eles gritaram "o minério é nosso" e nos tomaram a Vale.
O novo papel do Brasil, de celeiro do mundo, requer a concentração de terra e a maximização da produção -- ao custo da degradação ambiental -- para atender a demanda alheia, gerando lucros extraordinários para a Monsanto e a Cargill.
Para tocar o uso intensivo de energia da mineração vamos fazer hidrelétricas no Xingu e no Madeira.
No papel de eleitores nos cabe decidir apenas o grau do assalto a que seremos submetidos.
Light, na versão petista; ou heavy, na versão tucana.
O meu sem espuma, please.
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