No início do século 20, a gripe espanhola matou 50 milhões no mundo e criou uma rotina semelhante à que se vive hoje
“Perdi familiares por causa dela. Na época os medicamentos não tinham a eficiência de hoje e os médicos não conseguiam dar conta. Meus pais contavam que foi terrível”, diz.
Mesmo com o avanço da medicina e com menor proporção de contágios, o comportamento da população hoje com o vírus da gripe A (H1N1) apresenta certas semelhanças. De acordo com o professor de antropologia da Universidade de São Paulo (USP), Renato da Silva Queiroz, no auge da gripe espanhola a rotina era parecida com a que se estabelece hoje. “As pessoas se trancavam em casa e evitavam abraços e beijos. Houve um rompimento das formas habituais de sociabilidade”, diz.
Com a gripe A (H1N1) os serviços públicos de saúde estão lotados, mas Queiroz explica que com a gripe espanhola a situação foi muito pior, porque a concentração de mortes era muito maior e o serviço funerário não dava conta. “Também foram registrados falta de alimentos, medicamentos e sérios problemas no sistema de transporte urbano”, conta.
O professor de História da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Wilson Maski, lembra que o presidente da época, Rodrigues Alves, morreu contaminado pela gripe espanhola, o que causou um grande medo nos brasileiros.
“No país, o auge dela foi em 1919 e só foi acabar em 1920”, diz. Embora as classes sociais mais baixas tenham sido as mais atingidas, nenhuma outra ficou livre da doença, que se espalhou por todo país. Segundo Maski, um terço da população nacional contraiu o vírus.
Ele lembra que a gripe espanhola aconteceu pouco tempo após o término da Primeira Guerra Mundial, e que, nessa época, ainda havia um forte controle das informações que eram divulgadas. Por isso o que se sabia na época sobre ela era muito pouco. “Hoje isso não acontece. Temos a informação bem difundida, o que auxilia muito no próprio controle da doença”, afirma Maski.
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