Levantamento do Ministério da Saúde - feito em todas as capitais e Distrito Federal e em outros 239 municípios e que somou informações de aproximadamente 118 mil crianças – mostra que o tempo médio do período de Aleitamento Materno (AM) no país aumentou um mês e meio: passou de 296 dias, em 1999, para 342 dias, em 2008, nas capitais e Distrito Federal. O estudo também revelou um aumento do índice de Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em crianças menores de quatro meses. Em 1999, era de 35%, passando para 52% em 2008. Outro resultado importante está relacionado com o aumento, em média, de um mês na duração do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) nas capitais e Distrito Federal. Em 1999, a duração do AME era de 24 dias e, em 2008, passou a ser de 54 dias – ou seja, mais que dobrou.
Capital/Região | 1999 | 2008 |
NORTE | 414,2 | 434,81 |
Palmas | 336,5 | 379,3 |
Boa Vista | 429,2 | 418,84 |
Macapá | 515,3 | 601,36 |
Porto Velho | 392,2 | 434,62 |
Belém | 566,3 | 445,16 |
Manaus | 351,4 | 418,09 |
Rio Branco | 311,5 | 375,99 |
NORDESTE | 252,8 | 346,81 |
São Luís | 439,4 | 480,22 |
Teresina | 478,4 | 456,53 |
João Pessoa | 198,4 | 314,13 |
Natal | 230,8 | 330,03 |
Fortaleza | 224,7 | 332,82 |
Recife | 196,8 | 293,11 |
Maceió | 172 | 331,55 |
Aracaju | 229 | 377,43 |
Salvador | 274,6 | 351,62 |
CENTRO-OESTE | 329,5 | 373,66 |
Cuiabá | 357,1 | 389,94 |
Campo Grande | 315 | 405,96 |
Distrito Federal | 369,9 | 383,62 |
Goiânia | 260,9 | 310,95 |
SUDESTE | 240,6 | 303,48 |
Vitória | 327 | 364,68 |
Rio de Janeiro | * | 334,09 |
Belo Horizonte | 211,4 | 300,68 |
São Paulo | 180,8 | 292,82 |
SUL | 225,2 | 302,08 |
Florianópolis | 249,7 | 326 |
Porto Alegre | 193,5 | 299,34 |
Curitiba | 221,9 | 300,84 |
BRASIL | 295,9 | 341,59 |
ALEITAMENTO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA
A melhora nos índices de aleitamento materno pode ser percebida também no índice de crianças que foram amamentadas na primeira hora de vida. Do total de crianças analisadas, 67,7% mamaram nesse período. Os percentuais variam de 58,5%, em Salvador, a 83,5%, em São Luís.
Em todas as regiões, a probabilidade de as crianças estarem sendo amamentadas nos primeiros dias de vida supera 90%, com queda mais acentuada a partir do quarto mês. O comportamento nas regiões Norte e Centro-Oeste supera aquele identificado para o conjunto das capitais (Brasil), e as regiões Sul e Sudeste se distanciam das demais, especialmente a partir do 5º mês.
Prevalência de crianças menores de 1 ano que mamaram na primeira hora de vida
A melhora nos índices de aleitamento materno pode ser percebida também no índice de crianças que foram amamentadas na primeira hora de vida. Do total de crianças analisadas, 67,7% mamaram nesse período. Os percentuais variam de 58,5%, em Salvador, a 83,5%, em São Luís.
Em todas as regiões, a probabilidade de as crianças estarem sendo amamentadas nos primeiros dias de vida supera 90%, com queda mais acentuada a partir do quarto mês. O comportamento nas regiões Norte e Centro-Oeste supera aquele identificado para o conjunto das capitais (Brasil), e as regiões Sul e Sudeste se distanciam das demais, especialmente a partir do 5º mês.
Prevalência de crianças menores de 1 ano que mamaram na primeira hora de vida
Capital/Região | Crianças (%) |
NORTE | 72,9 |
Palmas | 79,6 |
Boa Vista | 77,5 |
Macapá | 75,8 |
Porto Velho | 73,8 |
Belém | 72,8 |
Manaus | 71,9 |
Rio Branco | 64,3 |
NORDESTE | 66,9 |
São Luís | 83,5 |
Teresina | 79 |
João Pessoa | 76,9 |
Natal | 70,3 |
Fortaleza | 67,6 |
Recife | 66,8 |
Maceió | 64,8 |
Aracaju | 61,2 |
Salvador | 58,5 |
CENTRO-OESTE | 72 |
Cuiabá | 77,4 |
Campo Grande | 74,3 |
Distrito Federal | 72,5 |
Goiânia | 66,7 |
SUDESTE | 63,5 |
Vitória | 72,8 |
Rio de Janeiro | 65,6 |
Belo Horizonte | 64,1 |
São Paulo | 62,4 |
SUL | 71,8 |
Florianópolis | 75,5 |
Porto Alegre | 71,9 |
Curitiba | 71,2 |
BRASIL | 67,7 |
ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO (AME)
No conjunto das capitais, a duração do AME aumentou um mês - passando de 23,4 dias para 54,1 dias. O índice do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em menores de seis meses foi 41% no conjunto das capitais. O comportamento desse indicador foi bastante heterogêneo, variando de 27,1% em Cuiabá (MT) a 56,1% em Belém (PA).
Ocorreu também aumento da prevalência de AME em menores de 4 meses nas capitais, de 35,5%, em 1999, para 51,2%, em 2008. A comparação entre as regiões apontou aumentos mais expressivos nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste.
A maior freqüência do AME ocorreu na região Norte. Há ainda uma tendência crescente da prevalência do AME com o aumento da escolaridade materna. Em relação à idade materna, a maior freqüência de AME foi identificada entre as mulheres entre 20 e 35 anos. Chama atenção o predomínio do AME entre as mulheres que estavam em licença-maternidade no momento da pesquisa.
Evolução do indicador “AME em menores de 4 meses” no período de 1999-2008(*):
Capital/Região | 1999 (a) | 2008 (b) | (b-a) |
NORTE | 35,1 | 57,4 | 22,3 |
Belém | 49,6 | 65,9 | 16,3 |
Boa Vista | 31,1 | 53,6 | 22,5 |
Macapá | 45,9 | 53,4 | 7,5 |
Manaus | 24,4 | 52,3 | 27,9 |
Palmas | 34,9 | 48,3 | 13,4 |
Porto Velho | 24,6 | 53,7 | 29,1 |
Rio Branco | 23,5 | 43,6 | 20,1 |
NORDESTE | 41,2 | 46 | 4,8 |
Aracaju | 35,7 | 46,4 | 10,7 |
Fortaleza | 57,1 | 41,1 | -16 |
João Pessoa | 29,5 | 49,6 | 20,1 |
Maceió | 24,6 | 41,4 | 16,8 |
Natal | 41 | 51,8 | 10,8 |
Recife | 27,4 | 49,9 | 22,5 |
Salvador | 27 | 44,5 | 17,5 |
São Luís | 46,2 | 53,9 | 7,7 |
Teresina | 42,3 | 54,4 | 12,1 |
CENTRO-OESTE | 40,8 | 55,1 | 14,3 |
Distrito Federal | 50,6 | 60,6 | 10 |
Campo Grande | 27,9 | 62 | 34,1 |
Cuiabá | 17,7 | 33,7 | 16 |
Goiânia | 23,7 | 41,2 | 17,5 |
SUDESTE | 24,8 | 50 | 25,2 |
Belo Horizonte | 22,9 | 50,1 | 27,2 |
São Paulo | 24,9 | 49,8 | 24,9 |
Vitória | 37,2 | 57,5 | 20,3 |
SUL | 41,1 | 53,6 | 12,5 |
Curitiba | 40,5 | 56,6 | 16,1 |
Florianópolis | 53,3 | 63,8 | 10,5 |
Porto Alegre | 38,4 | 46,2 | 7,8 |
BRASIL | 35,5 | 51,2 | 15,7 |
(*) A tabela não inclui o Rio de Janeiro, por ele não ter participado da pesquisa em 1999
AMAMENTAÇÃO ENTRE 9 E 12 MESES
A comparação do percentual de crianças entre 9 e 12 meses amamentadas, entre 1999 e 2008, também mostrou aumento nas capitais, passando de 42,4%, em 1999, para 58,7% em 2008.
Na pesquisa atual, no fim do primeiro ano de vida, a região Norte se destaca com pouco mais de 60% de probabilidade de Aleitamento Materno (AM), e o comportamento das regiões Sudeste e Sul é bastante semelhante (probabilidade em torno de 40%).
Em relação às capitais, Macapá destaca-se com a maior média (19,7 meses), e São Paulo (9,6 meses) com a pior situação. Esses resultados estão associados ao grau de desenvolvimento de cada região. “Os estados do Norte, que têm muita população indígena, por exemplo, não têm a cultura de AME, mas as mães indígenas amamentam mais longamente, por mais tempo. Em contrapartida, nos locais mais desenvolvidos, amamenta-se menos”, afirma Dra. Elsa Giugliani.
Evolução do indicador “AM em crianças de 9 a 12 meses” no período de 1999-2008(*):
Capital/Região | 1999 (a) | 2008 (b) | (b-a) |
NORTE | 59,1 | 76,9 | 17,8 |
Belém | 68,6 | 79,9 | 11,3 |
Boa Vista | 57,7 | 74,2 | 16,5 |
Macapá | 66,5 | 82,8 | 16,3 |
Manaus | 53,1 | 76,9 | 23,8 |
Palmas | 46,9 | 67,9 | 21,0 |
Porto Velho | 55,2 | 71,0 | 15,8 |
Rio Branco | 50,8 | 62,8 | 12,0 |
NORDESTE | 39,3 | 59,1 | 19,8 |
Aracaju | 41,8 | 63,6 | 21,8 |
Fortaleza | 28,6 | 57,3 | 28,7 |
João Pessoa | 38,8 | 53,1 | 14,3 |
Maceió | 34,2 | 58,6 | 24,4 |
Natal | 39,5 | 55,2 | 15,7 |
Recife | 33,9 | 49,9 | 16,0 |
Salvador | 46,8 | 59,1 | 12,3 |
São Luís | 58,6 | 76,9 | 18,3 |
Teresina | 60,1 | 75,0 | 14,9 |
CENTRO-OESTE | 51,9 | 64,1 | 12,2 |
Distrito Federal | 55,4 | 65,4 | 10,0 |
Campo Grande | 49,1 | 70,1 | 21,0 |
Cuiabá | 51,9 | 66,4 | 14,5 |
Goiânia | 43,6 | 53,8 | 10,2 |
SUDESTE | 34,6 | 49,2 | 14,9 |
Belo Horizonte | 39,4 | 50,0 | 10,6 |
São Paulo | 32,9 | 48,8 | 15,9 |
Vitória | 54,1 | 59,1 | 5,0 |
SUL | 38,2 | 49,5 | 11,3 |
Curitiba | 38,1 | 48,5 | 10,4 |
Florianópolis | 41,5 | 52,2 | 10,7 |
Porto Alegre | 36,3 | 50,2 | 13,9 |
BRASIL | 42,4 | 58,7 | 16,3 |
(*) A tabela não inclui o Rio de Janeiro, por ele não ter participado da pesquisa em 1999
CONCLUSÃO E DESAFIOS - A inserção da mulher no mercado de trabalho - não apenas no Brasil, mas em outros países - tem relação com a redução do tempo de amamentação. A pesquisa mostra essa tendência: a de que as mulheres que estavam em licença maternidade amamentavam mais que as outras. Assim, a ampliação para seis meses – uma das bandeiras da Sociedade Brasileira de Pediatria apoiada pelo Ministro da Saúde, José Gomes Temporão – pode ser considerada como um grande avanço no sentido de incentivar a extensão do tempo da AME. A expectativa é que, daqui a alguns anos, se consiga perceber o efeito dessa medida.
Outra estratégia que influencia positivamente o aleitamento por mais tempo é a implantação da Rede Amamenta Brasil, criada pelo MS neste ano de 2008 e que tem por objetivo capacitar profissionais para auxiliar a mãe em todo o processo de aleitamento. A Rede vem como mais uma ação de promoção, proteção e apoio à prática do aleitamento materno, voltada para a Atenção Básica.
A conclusão geral obtida com a pesquisa é que houve melhora significativa da situação do aleitamento materno no período analisado. O AM na primeira hora de vida, de acordo com critérios estabelecidos pela OMS, por exemplo, foi caracterizado como “bom” nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, com prevalência variando de 50-89%. De acordo com Elsa, um dos desafios observados com a pesquisa, a serem enfrentados, é a necessidade de intervenções no sentido de promover hábitos saudáveis de alimentação, sobretudo no primeiro ano de vida.
SOBRE A PESQUISA
A II Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e DF (PPAM) tem como objetivo verificar a situação atual da amamentação e da alimentação complementar no Brasil, analisar a evolução dos indicadores entre 1999 e 2008, identificar grupos populacionais mais vulneráveis à interrupção do aleitamento materno, além de avaliar as práticas alimentares saudáveis e não saudáveis. Isso porque altas taxas de aleitamento materno influenciam diretamente no declínio da mortalidade infantil no Brasil – um dos Objetivos do Milênio, buscado no país por meio do Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil.
Realizado em outubro de 2008, o estudo foi financiado pelo Ministério da Saúde por meio de convênio com a Fiocruz, e coordenado por uma equipe de pesquisadoras do Instituto de Saúde da SES/SP e da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do MS.
A análise do aleitamento materno seguiu as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), em relação à alimentação da criança nas 24 horas que antecederam a pesquisa. Foram considerados os seguintes parâmetros:
- Aleitamento Materno Exclusivo (AME): a criança recebeu somente leite materno sem quaisquer outros líquidos ou alimentos, exceto medicamentos;
- Aleitamento Materno (AM): a criança recebeu leite materno e quaisquer outros líquidos ou alimentos;
- Aleitamento materno na primeira hora de vida: a criança foi amamentada logo após o nascimento, na primeira hora de vida;
- Alimentação com mamadeira: a criança recebeu qualquer líquido ou alimento semi-sólido em mamadeira.
Além disso, foi analisado o uso de chupeta, o que possibilitou a comparação com os dados da pesquisa de 1999. Em relação à alimentação complementar foram consideradas as seguintes categorias:
- Comida de sal: a criança recebeu papa/sopa ou comida de sal (comida de panela ou comida da família);
- Fruta: a criança recebeu fruta, em pedaço ou amassada;
- Verduras/legumes: a criança recebeu verduras/legumes;
Ainda foram considerados na análise três “marcadores de alimentação não saudável”: consumo de café, refrigerante e bolacha/salgadinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário