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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Estoque de remédios fica sem destino

Hélio Strassacapa, do Jornal de Maringá Online

Maringá - A Universidade Estadual de Maringá (UEM) não sabe o que fazer com dois milhões de comprimidos de um remédio contra a hipertensão. O estoque de Captopril 25mg é tão grande que a universidade precisou paralisar a fabricação até que encontre compradores. O lote tem custo aproximado de R$ 260 mil. De acordo com a professora Edeilza Gomes Brescansin, coordenadora-geral do Laboratório de Ensino, Pes­­quisa e Extensão em Medica­mentos e Cosméticos da UEM (Lepemc), a dificuldade em vender o remédio vem da concorrência com laboratórios privados, que compram ma­­téria-prima mais barata e podem oferecer melhores preços.

Segundo Edeilza, a diferença não é tão grande, mas é o bastante para o Lepemc perder licitações. Enquanto o preço do medicamento fabricado em Maringá é de R$ 0,13, os laboratórios privados importam a matéria-prima diretamente e fazem por R$ 0,11.

O lote estocado foi fabricado recentemente e tem validade até 2011. Mas, enquanto não é vendido, o laboratório não pode voltar a produzir. Além da perda financeira, há o prejuízo para os alunos que não podem mais acompanhar o processo de fabricação industrial no laboratório. “Da mesma forma que o aluno de Medicina precisa de um hospital, o aluno de Farmácia pre­­­cisa de um laboratório”, disse a professora.

Edeilza acredita que a solução seria o governo do estado comprar toda a produção da universidade antes de negociar com outros laboratórios. “A nossa produção é como se fosse uma produção própria do governo, pois envolve os funcionários do es­­tado”, disse.

Há ainda matéria-prima para fabricação de mais um lote de 500 mil comprimidos. A última venda efetuada foi há cerca de duas semanas, quando a UEM negociou 120 mil unidades com uma prefeitura da região.

O investimento na compra do equipamento foi de aproximadamente R$ 2 milhões. Com ele, o Lepemc tem capacidade para produzir por ano 100 milhões de comprimidos do Captopril 25 mg.

Produção de Tamiflu

Com o Lepemc com a produção quase parada – hoje fabrica álcool em gel para consumo interno da universidade – a UEM encaminhou ofício ao Ministério da Saúde e ofereceu a estrutura para a fabricação do Tamiflu, único medicamente usado no tratamento da nova gripe.

Para concretizar o desejo, o Ministério da Saúde precisa autorizar o procedimento na universidade e a Agência Na­­cional de Vigilância Sani­tária (Anvisa) terá que fazer uma última inspeção no local. Mas isso não será problema, se­­gundo a professora Edeilza. “Acabamos de receber o Cer­tificado de Boas Práticas de Fabricação na Linha de Só­­lidos”, contou ela, o que re­­presenta as condições técnicas do laboratório, que já tem 20 anos de existência.

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