Maringá - A Universidade Estadual de Maringá (UEM) não sabe o que fazer com dois milhões de comprimidos de um remédio contra a hipertensão. O estoque de Captopril 25mg é tão grande que a universidade precisou paralisar a fabricação até que encontre compradores. O lote tem custo aproximado de R$ 260 mil. De acordo com a professora Edeilza Gomes Brescansin, coordenadora-geral do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão em Medicamentos e Cosméticos da UEM (Lepemc), a dificuldade em vender o remédio vem da concorrência com laboratórios privados, que compram matéria-prima mais barata e podem oferecer melhores preços.
Segundo Edeilza, a diferença não é tão grande, mas é o bastante para o Lepemc perder licitações. Enquanto o preço do medicamento fabricado em Maringá é de R$ 0,13, os laboratórios privados importam a matéria-prima diretamente e fazem por R$ 0,11.
O lote estocado foi fabricado recentemente e tem validade até 2011. Mas, enquanto não é vendido, o laboratório não pode voltar a produzir. Além da perda financeira, há o prejuízo para os alunos que não podem mais acompanhar o processo de fabricação industrial no laboratório. “Da mesma forma que o aluno de Medicina precisa de um hospital, o aluno de Farmácia precisa de um laboratório”, disse a professora.
Edeilza acredita que a solução seria o governo do estado comprar toda a produção da universidade antes de negociar com outros laboratórios. “A nossa produção é como se fosse uma produção própria do governo, pois envolve os funcionários do estado”, disse.
Há ainda matéria-prima para fabricação de mais um lote de 500 mil comprimidos. A última venda efetuada foi há cerca de duas semanas, quando a UEM negociou 120 mil unidades com uma prefeitura da região.
O investimento na compra do equipamento foi de aproximadamente R$ 2 milhões. Com ele, o Lepemc tem capacidade para produzir por ano 100 milhões de comprimidos do Captopril 25 mg.
Produção de Tamiflu
Com o Lepemc com a produção quase parada – hoje fabrica álcool em gel para consumo interno da universidade – a UEM encaminhou ofício ao Ministério da Saúde e ofereceu a estrutura para a fabricação do Tamiflu, único medicamente usado no tratamento da nova gripe.
Para concretizar o desejo, o Ministério da Saúde precisa autorizar o procedimento na universidade e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) terá que fazer uma última inspeção no local. Mas isso não será problema, segundo a professora Edeilza. “Acabamos de receber o Certificado de Boas Práticas de Fabricação na Linha de Sólidos”, contou ela, o que representa as condições técnicas do laboratório, que já tem 20 anos de existência.
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