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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Deixar crescer o bolo antes... distribuir as sobras depois...

Inacreditável - ou aliás, muito pelo contrário - rigorosamente dentro do que seria esperado, o artigo publicado em O Globo pelo "genial oráculo" Raul Velloso.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2009/10/12/pra-boi-dormir-231296.asp

Vejam só as "pérolas":
  • Passados 20 anos da promulgação da Constituição de 1988, o governo conseguiu um feito impressionante. Pôs em prática um modelo de sustentação e expansão da demanda de consumo de um grupo gigantesco que, com base em dados de 2005, pode ser estimado em cerca de 40 milhões de pessoas, sem contar seus dependentes...
Ou seja: tirar 40 milhões de pessoas da linha da miséria é - no entender do sacerdote do deus mercado Raul Velloso - um pecado mortal. Afinal, dessa forma não vai sobrar muita coisa para a agiotagem dos bancos, para a especulação financeira e para os segmentos que dependem das tetas do governo para serem "eficientes" e viáveis (como é o caso do agronegócio e dos grandes empreiteiros).

  • Se agregarmos a esses itens os desembolsos com saúde e as demais despesas correntes, chegaremos a um orçamento de gastos correntes provavelmente sem similar no exterior, cujo total se situa em pelo menos 83% do orçamento não financeiro da União...
Como se o desembolso com a saúde fosse de caráter voluntário, sem caráter social ou humanitário e - dessa forma - o governo deveria se preocupar com coisas mais importantes, não é?

  • Para gerir os rendimentos dessa massa, o governo toma basicamente quatro decisões ao longo do ano, todas alvo de muita discussão no Congresso e na mídia, por razões óbvias: reajustes do salário mínimo, dos benefícios do INSS acima de um salário mínimo, do valor individual do Bolsa-Família e dos servidores públicos...
Dessa forma os segmentos que dependem das tetas do governo para serem "eficientes" e viáveis acabam tendo que controlar o apetite só para favorecer estes parasitas que dependem da previdência e da Bolsa-Família... isto é inaceitável!!!

  • Priorizar esse manto de proteção implicou, dentro do esforço de ajuste fiscal posto em prática nos últimos anos para equacionar o risco de insolvência pública, a imposição de uma carga excessiva de impostos e o completo abandono dos investimentos públicos, especialmente em infraestrutura de transportes...
Completo abandono de investimentos? Ai meu deus! Seria terrível se fosse mesmo verdade! Desse jeito nós vamos acabar caindo em um novo "Apagão" e daí vamos ter que vender tudo que nos resta (estatais e patrimônio público) para não ter que entregar as calças para o FMI... Foi assim que aconteceu quando o "oráculo" Raul Velloso esteve no comando, não foi?

  • Assim, a construção desse gigantesco manto de proteção orçamentária a certos segmentos da sociedade está impedindo o crescimento sustentável do País e nos impôs uma grande armadilha...
É isso aí, o governo fica dando asas para estes párias, eles começam a consumir, invadir nossos 'templos' (shoppings e supermercados), ocupar vagas nas universidades e, daqui a pouco, vão querer exigir coisas e direitos. Vocês não perdem por esperar!
  • Curiosamente, o Executivo federal, que deveria procurar atenuar esse dilema (pois está na posição de percebê-lo com maior clareza), promete, ao contrário, uma nova lei de consolidação de vantagens (uma "CLT social"), cristalizando-o cada vez mais.

Ou seja: 'Vade retro' consolidação das leis sociais! 'Vade retro' maldita seja! se houver a consolidação, como é que a turma do mercado vai poder desfazer tudo se por acaso ganhar a eleição? Assim não vale!

  • Em vez de buscar uma mera consolidação via lei, a receita para garantir verdadeiramente os ganhos sociais, deveria primeiro investir, para só depois consolidar...

Em resumo, o governo deveria fazer como o "oráculo" Velloso agiu em seu tempo (que já passou né?): Primeiro deixar crescer o bolo, para depois distribuir! Genial!!!!!!!!!

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