na Agência Brasil
Brasília - Mais de 190 países se comprometeram a reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a população que vive em extrema pobreza e com fome. De acordo com a Organizações das Nações Unidas (ONU), essa primeira meta dos chamados Objetivos do Milênio não será cumprida. A projeção é que em 2015 ainda haverá, por exemplo, 30 milhões de crianças abaixo do peso no Sul da Ásia e na África. Nessas regiões e também na América Latina e Caribe, a desigualdade ainda permanecerá distante da objetivo acordado na ONU.
O Brasil, no entanto, já conseguiu atingir essas metas e por isso firmou um compromisso de ir além e erradicar a fome e reduzir a um quarto a proporção da população em extrema pobreza. A razão do sucesso brasileiro é atribuída à focalização das políticas sociais justamente nos setores mais necessitados da sociedade, como dá prioridade o programa Bolsa Família.
Segundo o economista Ricardo Paes de Barros, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o Bolsa Família teve o mérito de estabelecer uma política social “para os pobres invisíveis e não apenas para os pobres visíveis, como os trabalhadores com carteira assinada”. O pesquisador calcula que “o Bolsa Família tem impacto três vezes maior do que o aumento do salário mínimo nos 30% mais pobres da população brasileira”.
Na avaliação do especialista, um dos méritos do programa é ter o cadastro único da população beneficiária. Ele avalia que esse cadastro deveria ser mais usado pelo Poder Público para implantar as políticas sociais. “O que falta hoje é aproveitar esse canal que o Bolsa Família criou e não só mandar por esse canal os R$ 100, mas mandar uma cesta de oportunidades”, disse ele à Agência Brasil.
“Sabemos nome e endereço dessas pessoas e podemos juntar todas as políticas sociais e usar esse canal e dizer: 'você tá no Bolsa Família'. Então, tem direito a todas essas políticas integradas”. Conforme Paes de Barros, o programa Territórios da Cidadania faz isso em determinadas localidades, mas é preciso “fazer isso individualmente”, defendeu o economista no Seminário Internacional sobre Sistemas de Proteção Social.
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