Um estudo baseado em cinco pesquisas com grupo controle, que envolveram um total de 1.483 participantes, mostrou que viver nas proximidades de vias de tráfego intenso acelera o espessamento das paredes das artérias, um importante fator de risco para doenças como derrame e infarto.
Os pesquisadores da University of Southern California, em colaboração com parceiros da Espanha e da Suíça, verificaram que esse espessamento progrediu duas vezes mais rápido entre pessoas que vivem a até cem metros de distância de uma estrada de Los Angeles do que entre outras que moram mais longe.
Os dados do estudo, publicado no periódico "PloS One", reforçam a descoberta de que a poluição atmosférica proveniente do escapamento de veículos é um fator que aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Para Paulo Saldiva, do laboratório de poluição da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, este é um dos estudos mais bem controlados a mostrar que a poluição reproduz, em parte, os efeitos nocivos do cigarro nas artérias. "A diferença é que o cigarro você tem opção de não acender", diz.
Para ele, é importante que se façam estudos de impacto não só no ambiente mas também na saúde dos moradores da região antes de iniciar obras como o Rodoanel, por exemplo.
Abrão Cury, cardiologista do Hospital do Coração, afirma que a relação entre poluente atmosférico decorrente da queima de combustíveis fósseis e aumento da aterosclerose não é nova. "Agora temos que saber melhor como isso ocorre e o que fazer para prevenir."
Segundo Cury, o principal cuidado que as pessoas devem ter é evitar atividades físicas em locais com grande concentração de poluentes. Isso porque, ao se exercitar, a frequência cardíaca e respiratória aumenta, o que facilita a inalação de mais poluentes.
"Não adianta tomar leite, água nem vitamina. Na medida do possível, o melhor a fazer é não abrir a janela do apartamento às 18h se você mora na avenida Paulista", orienta.
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