Francisco Batista Júnior deixará a presidência do Conselho Nacional de Saúde em fevereiro. No fim da tarde desta quarta-feira (26/1), quase terminando a 217ª Reunião Ordinária do CNS, Júnior anunciou que não participará do processo eleitoral e apoiará o candidato dos usuários – talvez o único, porque o representante dos gestores também retirou seu nome da disputa.
Em 2006, o CNS elegeu seu presidente (o próprio Júnior, farmacêutico, representante dos trabalhadores da saúde) pela primeira vez em 70 anos de história. Agora, o usuário do SUS chegará ao "poder", e há grande chance de que o vitorioso seja uma mulher. Em 2009, a conselheira Jurema Werneck, coordenadora da ONG Criola, teve 21 votos, 6 a menos do que Júnior.
Todo mundo feliz. Reivindicação antiga, usuário no poder é bom, mas precisava de crise, de tantos movimentos furtivos de bastidores? Júnior tinha direito à reeleição, prevista pela legislação em vigor – que, prometem agora, será atualizada. Mas teria sido mais civilizado promover conversas francas, cartas claras na mesa, bem antes do impasse registrado em dezembro.
O tuiteiro @lfsmoreira, debatendo com @fefelopes13, afirmou que o CNS perdeu poder desde que deixou de ser presidido pelo ministro da Saúde. Pois não havia contradição maior para o instituto do controle social do que ministro comandando o órgão máximo do... controle social. O ministro Temporão, que assumiu em março de 2007, foi o primeiro a se sentar à Mesa Diretora sem ser presidente. Quem pode afirmar que houve choque com o CNS em sua gestão? Convenhamos, ele simplesmente ignorou as deliberações do conselho que, sim, é deliberativo, além de propositivo e “fiscalizativo”. Só não é executivo. O CNS questionou programas paralelos do ministério, como UPA ou Farmácia Popular, e projetos como o das fundações estatais.
“Espero que o CNS saia fortalecido dessa crise”, continuou suas tuitadas @lfsmoreira. “Ele tem se diminuído em importância nos ultimos tempos.” Discordo outra vez do querido companheiro. A crise de fato não foi boa, mas a legitimidade do conselho só fez crescer de 2006 para cá, o colegiado ganhou respeito, virou referência, segundo avaliam até conselheiros contrários ao continuísmo.
O ministro Padilha, que participou da primeira fase do encontro com quase todos os seus secretários, disse que sonha em ver as reuniões do CNS tão aguardadas como as do Copom (o Comitê de Política Monetária, que determina a taxa de juros Selic) e com a mesma repercussão na sociedade, já que trata de questões do dia a dia do brasileiro. Também sonho, querido @padilhando. E isso acontecerá quando as deliberações do conselho repecutirem no Ministério da Saúde. Não é fato?
Fotos da reunião: @padilhando
#momentofotografico de hoje,1ª reunião do ano do Cons Nacional Saúde! Eu sou este grisalho à direita! Rs
saude.gov.br frequentemente transmite algumas agendas.Hj esqueci de avisar,tuitarei nas próximas
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Marinilda Carvalho, jornalista aposentada, ex-editora (2003-2009) da Radis, revista de comunicação em saúde da Ensp/Fiocruz
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