recebi pela internet
Édison:
Você está há muito tempo fora do Brasil e não faz ideia de como se tornou suja a guerra de informações por aqui. Qualquer acontecimento, por mais trágico que seja, torna-se motivo de produção de escândalos. Daí é preciso muito cuidado com esse tipo de informação e um certo esforço para interpretar suas motivações.
Quanto mais trágicos os acontecimentos, mais tétrica a exploração que se faz em cima.
Ainda que não seja honesto, podem ser até compreensíveis as mentiras criadas para incriminar desafetos políticos. Compreensível porque na medida que não têm nada de positivo para lembrar do tempo em que foram governo e nenhuma acusação fundamentada em dados reais, o jeito é inventar acusação sem fundamento mesmo.
Isso até dá pra compreender, mas o verdadeiramente terrível é usarem tragédias reais para manipular a compreensão das pessoas em momentos de grande comoção.
Esse tipo de coisa qualifico de crime contra a humanidade, pois é demonstração clara de total desumanidade contra o sofrimento das vítimas, de seus parentes e dos sobreviventes de uma tragédia.
Lamentavelmente, Édison, a justiça brasileira ainda é extremamente falha, inapta, quando não conivente com este tipo de crime. Conivente porque o Poder Judiciário no Brasil tem partido, tem lado, e olha muito atento ao lado que lhe interessa. Ao contrário do ideal de justiça que se busca em outras partes: a da justiça cega, a nossa enxerga e quando a justiça enxerga, a civilização se perde e se instaura a barbárie dos clãs, que é o vem acontecendo aqui através dos meios de informação e comunicação.
Para que tenha ideia, imediatamente ao maior acidente da história da aviação brasileira, nem 10 minutos do acontecimento, a Globo já tinha definido a causa e quem era o culpado. Não estou exagerando! Se um dia você vier aqui, vou te apresentar o amigo com quem eu entrava no bar quando a primeira coisa que o dono do estabelecimento me diz é que vivíamos sob uma pouca vergonha de governo. Não entendi e ele me apontou o aparelho de TV para onde todos estavam olhando as imagens de um prédio e um avião em chamas. Pergunto quando aconteceu aquilo e alguém resposte “agora!”. De fato, percebo no canto da tela a indicação de imagens ao vivo, enquanto outro concorda com o apresentador do noticiário sobre a culpa do Presidente Lula.
Estupefato, o estrangeiro meu amigo tentou argumentar sobre a impossibilidade de se responsabilizar quem quer que seja por um acidente que acabara de ocorrer, mas o tirei dali e fomos para uma mesa mais longe, porque se ficasse argumentando pela lógica como aqueles comovidos pela TV, ia acabar apanhando.
Jorge Dória que então estava numa exposição de cães de raça, lá mesmo na região serrana do Rio, imediatamente convocou a burguesia carioca e paulista para um manifesto e fundou o movimento “Cansei”, com auxílio da Ana Maria Braga, Regina Duarte, Hebe Camargo, Ivete Sangalo e Cristiane Torloni, todas chamando seus fãs e telespectadores à uma manifestação frente ao Aeroporto de Congonhas. Uma reedição da Marcha de Deus com a Família pela Tradição e a Propriedade da Dona Eleonor Mendes de Barros em 1964. Está lembrado?
Eu lembro bem, porque então trabalhava na MacCann-Erickson Publicidade que ficava no edifício dos Diários Associados lá na Sete de Abril e o Jaime Cortez, um português extremamente gozador, moldou em papel um enorme de um cacete, com saco e tudo, que flanou preso a um paraquedas improvisado, pairando sobre as cabeças da marcha cívica e católica.
Pois os liderados por João Dória inventaram uma coreografia de guerra: à palavra de ordem “- Estou cansado!” levantavam os braços aos céus e os deixam cair em demonstração de desânimo. Segundo o cartunista Angeli, o barulho de pulseiras, braceletes e demais balangandãs de ricos metais era tanto que encobria o das turbinas dos aviões
Durante semanas a imprensa especulou sobre a falta de “groowing” na pista recém reformada. Tornou-se a palavra mais repetida por todo o Brasil. Pouca gente sabia o que era “groowing”, mas a culpa pela falta de “groowing” todo mundo sabia ser do Lula. Mas antes que as pessoas começassem a estranhar que ranhuras produzidas nas pistas de aeroportos fossem de responsabilidade presidencial, a perícia descobriu ter ocorrido falhas técnicas no manche da aeronave que ao invés de reduzir a potência das turbinas, acelerou e arremeteu indo de encontro ao prédio em frente, da mesma companhia.
E as vítimas carbonizadas? E os parentes dessa vítimas? O que se faz com a utilização da comoção dessa gente?
Ninguém mais falou a respeito, o Movimento Cansei até hoje está descansando daquela primeira manifestação em 2007, mas a imprensa, atenta a qualquer nova tragédia, traz agora a tal matéria testemunhada pelo Martius, médico voluntário da Cruz Vermelha.
Na verdade, a matéria do Estadão, publicada no mesmo dia 17 em que foi publicada a da Globo, sequer se refere ao Martius ou ao que ele relata. Apenas reporta confusões logísticas muito comuns em acontecimentos como esses, aproveitando para aventar conflitos religiosos entre o prefeito evangélico e o padre da igreja católica de Teresópolis. Mas essas confusões reportadas pelo Estadão são sobre a organização de distribuição de donativos no dia anterior: domingo, 16 de janeiro.
Daí que sugiro uma análise um pouco mais apurada sobre essa msg do médico Martius, comparando-a com o publicado pela página eletrônica do Globo, porque há nesse relato uma série de afirmações e uma profusão de datas no mínimo confusas. Observe:
“Eu vou ser breve pois estou super-cansado. Estou como médico voluntário da Cruz Vermelha, desde domingo.”
A matéria do O Globo, de publicação datada em 17/01, diz: RIO - Seis dias depois da tragédia e ainda com centenas de pessoas ilhadas e precisando de socorro, um incidente está atrapalhando os trabalhos de assistência aos desabrigados de Teresópolis, na manhã desta segunda-feira.
E o Globo segue resumindo o que distribui o Martius pela internet, inclusive através de você e seus amigos. Mas sinta que estranha essa afirmação “desde domingo”, sendo que quando Martius escreveu o domingo em questão foi o dia anterior. Ou o “ontem” do momento em que estava escrevendo. Quando muito, o “anteontem”.
E vem mais: sabendo que para o Conselho de Medicina não tem validade alguma qualquer documento assinado por um médico que não discrimine seu CRM, pra que o Martius faz esse relato a um blog, sendo de um fato tão sério? Um fato que, inclusive, envolve uma instituição de tanto respeito quanto a Cruz Vermelha! Que médico tomaria essa iniciativa, sem especificar seu CRM? Qualquer outro saberia que por essa falta, acusação alguma terá a menor validade.
Na matéria do Globo se específica que Martius é “funcionário cedido à Cruz Vermelha pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio”, mas na msg, Martius se refere a “ um Lewandovsky”
Certo que se trata de nome de família e Lewandovsky leitores do O Globo devem ser vários, mas muitíssimo estranho um funcionário de Tribunal Regional Eleitoral sequer cogitar a possibilidade de que se trate de Enrique Ricardo Lewandovsky, carioca e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Tem muito mais: Apesar do Martius não especificar a que horas se deu o início os fatos que descreve, sem dúvida foi uma segunda-feira muito cheia, pois conta que estava trabalhando quando entraram os guardas armados de fuzis para ordenar a saída dos voluntários da Cruz Vermelha.
Depois conta ter entrado um caminhão do exército e, em seguida, que guardas armados carregaram os caminhões com os donativos da ou à Cruz Vermelha.
Não sei... Posso estar mal informado, mas sempre imaginei que a Cruz Vermelha presta serviços de atendimento à saúde. Me pergunto para que o exército haveria de saquear produtos medicinais? Estará metido em alguma guerra secreta, com muitos feridos, e aproveitou a tragédia da região serrana para saquear a Cruz Vermelha?
Será mesmo o exército ou um grupo de guerrilheiros disfarçados de soldados do exército? Pois isso é uma típica ação de guerrilha dos pobres países africanos!
Agora, toda a situação aí descrita não pode ter durado menos do que 30 minutos. Como é que numa cidade da proporção de Teresópolis, ainda mais reduzida pela tragédia, e com tantos jornalistas e cinegrafistas que para ali acorreram de todo o Brasil e de várias partes do mundo, ao longo de todo esse tempo nenhum, unzinho, tenha se dado conta de que caminhões com guardas armados saqueavam a Cruz Vermelha?
Não havia ninguém a quem recorrer, a chamar, a pedir que ligasse para o Comando do I Exército, para Brasília, pro Sérgio Cabral, o Obama, a cavalaria americana? Isso é caso pra chamar a BBC, o New York Times, a ONU!
Só restou ao Martius um providencial amigo influente? E que droga de influência é essa do amigo que o mais que consegue é avisar a Globo?
A prova de que o amigo do Martius está mal de influência é que o repórter da Globo pede para o Martius fotografar a ação em curso e aguardar calmamente até que chegue ao local. Se eu, quando editor, pego um repórter desse, degolo! Como é que um repórter ao invés de primeiro pôr a boca no mundo pra acudir o afogado, manda que fotografe o próprio afogamento?
É verdade que o Martius explica que o repórter não estava lá e só pediu as fotos para quebrar o galho. Mas em galho estava a equipe de repórteres da Globo, uma das maiores senão a maior do Brasil, se não no meio da maior tragédia natural da história do país? Então não é o caso de degolar o repórter, mas sim o editor da Globo!
E o amigo influente é outro banana que só tem influência com a única emissora de TV que não tinha ninguém em Teresópolis! Até TV da China tem alguém em Teresópolis! Se ligasse para a China, certamente não pediriam que Martius fotografasse coisa alguma. Em 5 minutos estariam lá fotografando esse enorme escândalo internacional, coisa de dar cadeia até para o Comandante do 1º Exército, imagine pra quem sai divulgando a história do Martius sem conferir a veracidade de relato tão cheio de inconsistências!
E quando, enfim, chega o repórter da Globo, tudo o que faz é filmar o tumulto. As Organizações Globo têm publicações de revistas e jornal, mantém uma agência de notícias, mas não achou importante um repórter fotográfico, numa denúncia de saque da Cruz Vermelha, uma instituição internacional, pelo Exército Brasileiro? O mesmo exército designado pela ONU como Força de Paz no Haiti?
Alguém aí perdeu totalmente a noção! Ou o Martius ou as Organizações Globo! Se o que o Martius está contando for verdade, jamais O Globo foi uma empresa jornalística, pois com uma denúncia dessas mandarem apenas um cinegrafista para filmar um tumulto em andamento, até editor de jornalzinho de colégio seria deposto pelos colegas de escola.
E como é esse tumulto? Até aqui eram guardas armados e caminhões do exército saqueando um depósito da Cruz Vermelha, a portas fechadas. Geralmente se chama guardas para conter tumultos, mas no caso foi ao contrário. Ao deparar com as armas dos soldados a multidão de Teresópolis saiu correndo aos gritos, gente pisoteada, criança perdida, baderneiros atirando pedras, e ninguém viu! Só o repórter da Globo que não estava, mas agora está para ser o único a filmar o tumulto em andamento. Onde foram parar todos os demais repórteres e cinegrafistas de outras emissoras com todos seus estafes na região, que não documentaram nada desse tumulto?
Aliás, onde foram parar as imagens do repórter da Globo? Martius tem de processar a Globo, pois não é a toa que o chamem de mentiroso. Se até a Globo do seu amigo influente esconde a únicas imagens que existem do tal tumulto, quem vai acreditar nesse médico que esquece do CRM e disfarça acusando quem fumou seu CRM?
Logo a Globo que conseguiu mostrar uma bobina de fita crepe que só o perito Ricardo Molina enxergou (e perdeu o emprego na UNICAMP), agora resolve esconder um tumulto na região brasileira mais noticiada nas últimas 3 semanas!
Mas vamos lá: entre o exercito ter evacuado o alojamento da Cruz Vermelha, Martius ligar pro amigo influente, o amigo ligar pra Globo, a Globo ligar pro Martius, pro repórter, chegar o repórter que filmou e entrevistou o Martius que entregou o chip das fotos que também sumiram e a matéria ser introduzida na página eletrônica do O Globo, quantas horas passaram?
Pergunto isso porque presumo que se “Inúmeras pessoas, , acusaram a mim e a todos da Cruz Vermelha de mentirosos” evidentemente esses xingamentos ocorreram depois da publicação da matéria no O Globo, ainda na segunda-feira, dia 17 de janeiro, em que Martius relata os acontecimento de seu atribulado dia de voluntário, pois conforme suas afirmações:
“...tratamento absurdo que receberam hoje de manhã...”
Amanhã terça-feira me pediram para ficar lá pois não haviam conseguido nenhum médico voluntário na Cruz Vermelha.
Outro destaque cronológico são os donativos de São Paulo. As coisas aconteceram na manhã de segunda e já na tarde da mesma segunda o concentrado Martius pôde voltar a trabalhar graças às doações de São Paulo, apesar de todas as dificuldades de acesso na região!
Impressionante! Martius tem de ir para o Guines como o homem que viveu a segunda-feira mais cheia da história.
Como algo me diz que Martius e Globo tem tudo a ver, peço licença a você, Edison, para divulgar essa análise e o texto do Martius. porque se evidencia aí que a Globo está carecendo de um roteirista ou melhor inventor de histórias. Como, devido as chuvas, a temporada aqui na pousada anda muito fraca, quem sabe resolvam me contratar para desenvolver um “causos” mais convincentes quando queiram manipular informações para prejudicar seus desafetos políticos e religiosos como o Prefeito de Teresópolis.
Não tenho ideia de quanto pagaram pro Martius, mas deve compensar alguma coisa se expor à tamanho ridículo.
Abraço grande!
Amigos quem me enviou este email, é fonte segura, vive em Nova Friburgo é nosso amigo há longa data e, o que está sendo relatado abaixo, em TERESÓPOLIS, citado por um amigo dele médico, muito conhecido por seus atos de solidariedade sempre que dele precisam, por isto solicitou que repassem, apesar de outros meios já terem divulgado, sempre será bom reforçarmos .....o que está acontecendo com o ser humano???????Algo está muito errado, e numa hora destas em que a SOLIDARIEDADE É A PALAVRA DE ORDEM, .....o que as pessoas querem afinal?
Édison Almeida
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